Augusto Santos Silva comentou as eleições internas do Partido Socialista e a candidatura de José Luís Carneiro, sublinhando a importância da estabilidade e a necessidade de diálogo na política.
Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República, manifestou a sua opinião sobre as eleições internas do Partido Socialista (PS), que ocorrerão a 27 e 28 de junho. Para ele, a concretização da eleição do novo secretário-geral é uma decisão acertada. Segundo Santos Silva, o PS não pode permanecer sem liderança durante largos períodos, pois isso representaria riscos significativos para o partido.
“A reflexão mais aprofundada sobre o futuro do PS pode ser feita após as eleições autárquicas. Logo, avançar com a eleição do secretário-geral agora e deixar o Congresso para mais tarde é uma abordagem sensata”, destacou em entrevista à CNN Portugal.
Quando questionado sobre os desafios que o próximo líder do PS, que parece ser José Luís Carneiro devido à candidatura única, encontrará, especialmente no que toca à viabilização do programa da AD (Aliança Democrática) e à possibilidade de derrotas nas autárquicas, Santos Silva reconheceu que “realmente é uma situação complicada”, mas não necessariamente pela razões mencionadas.
“O PS não deverá bloquear a formação do governo. As recentes eleições mostraram um vencedor claro, a AD, e seria normal que o Presidente da República indicasse Luís Montenegro para cumprir o papel de primeiro-ministro”, acrescentou.
Santos Silva sublinhou também que as eleições autárquicas são distintas das legislativas, com candidaturas que passam por processos internos e que estão bem conhecidas das populações. “Não antevejo que o PS entre nas autárquicas com um espírito pessimista”, afirmou.
Sobre a possibilidade de uma derrota nas autárquicas significar um declínio do PS, recordou que o partido já enfrentou dificuldades no passado e sempre conseguiu recuperar com resiliência.
Em relação a Pedro Nuno Santos, o ex-presidente elogiou o seu desempenho como secretário-geral, apesar de não ter apoiado a sua candidatura nas últimas eleições. “Ele dedicou-se totalmente ao cargo e teve uma postura equilibrada”, comentou, acrescentando que o novo líder tem características valiosas, como a capacidade de se conectar com as pessoas.
Acerca das alianças políticas, Santos Silva realçou que a estabilidade do PS depende das decisões do novo governo e das relações que este deseja cultivar. As primeiras declarações do PSD, segundo ele, são motivo de preocupação, especialmente em torno da ideia de uma revisão constitucional que não considera a importância do diálogo democrático.