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Irão alerta para consequências de interferências políticas europeias sobre relatório da AIEA

há 2 dias

Teerão reafirma a cooperação com a AIEA, mas ameaça agir em resposta a tentativas de manipulação política do relatório que revela aumento da produção de urânio enriquecido.

Irão alerta para consequências de interferências políticas europeias sobre relatório da AIEA

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, expressou hoje a sua preocupação após a divulgação de um relatório confidencial da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), que indica um aumento na produção de urânio altamente enriquecido por parte de Teerão.

Araghchi comunicou por telefone com o diretor da AIEA, Rafael Grossi, reiterando a vontade do Irão de manter uma "cooperação contínua" com a agência, mas advertindo que o país tomará medidas contra qualquer ação que considere inadequada por parte dos países europeus.

“O Irão responderá a qualquer tentativa de exploração política da situação,” afirmou Araghchi a Grossi, segundo a agência de notícias AFP.

O relatório, ao qual a Associated Press teve acesso, afirma que o Irão se tornou o "único Estado não nuclear" a enriquecer urânio a níveis próximos dos exigidos para armamento. Este desenvolvimento poderia levar os países europeus a considerar novas ações contra o Irão, aumentando assim as tensões entre Teerão e o Ocidente.

A França, o Reino Unido e a Alemanha são signatários de um acordo de 2015 que visa monitorizar o programa nuclear iraniano, juntamente com a Rússia e a China. Desde a retirada dos Estados Unidos do acordo em 2018, sob a presidência de Donald Trump, o clima de relação tem-se deteriorado.

A AIEA irá realizar uma reunião do Conselho de Governadores entre 9 e 13 de junho em Viena, onde será discutido o progresso das atividades nucleares do Irão.

Nos últimos dias, Paris, Londres e Berlim ameaçaram ativar um mecanismo do acordo de 2015 que reimporia sanções da ONU caso o Irão não cumpra os compromissos. O relatório da AIEA revela que o urânio enriquecido pelo Irão já excede em 45 vezes o limite estabelecido em 2015, com uma quantidade total de 9.247,6 quilogramas.

Além disso, a AIEA alerta para o aumento do urânio enriquecido a 60%, um índice próximo dos 90% necessários para a produção de armas nucleares.

Este relatório surge numa fase em que Washington e Teerão estão em negociações para um possível novo acordo. Recentemente, o Irão anunciou ter recebido elementos de uma proposta dos EUA após várias rondas de conversações mediadas por Omã. Araghchi prometeu responder de maneira adequada a esta iniciativa.

A proposta norte-americana requer que o Irão interrompa todo o enriquecimento de urânio e sugere a formação de um grupo regional para a produção de energia nuclear, envolvendo o Irão, a Arábia Saudita e outros Estados árabes, além dos Estados Unidos.

Os países ocidentais e Israel, que vêem o Irão como uma potencial ameaça nuclear, permanecem céticos em relação à transparência das intenções da República Islâmica. Embora Teerão negue qualquer desejo de desenvolver armas nucleares, defende o seu direito à energia nuclear civil, em conformidade com o Tratado de Não Proliferação (TNP) de que é signatário.

Em suma, o Irão continua a ser o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio em níveis elevados, muito acima do limite de 3,67% fixado pelo acordo de 2015, conforme indicado pela AIEA.

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#IranoporNuclear #DiplomaciaGlobal #AIEA