O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o tiroteio que resultou em 27 mortes junto a um centro de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, considerando a situação inaceitável.
António Guterres, o secretário-geral da ONU, expressou a sua profunda preocupação em relação ao tiroteio ocorrido esta manhã nas proximidades de um centro de distribuição de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza, que resultou na morte de 27 pessoas. O seu porta-voz, Stéphane Dujarric, afirmou que é "inaceitável que civis arrisquem a vida, ou até a percam, apenas pela busca de comida".
A situação tornou-se ainda mais grave com o anúncio do Exército israelita de que iniciaria uma investigação sobre o incidente, após a confirmação dos falecimentos pela Cruz Vermelha. A porta-voz do Exército, Effie Defrin, explicou que os soldados dispararam tiros de aviso contra "suspeitos que se aproximavam de forma que poderia comprometer a segurança".
Defrin esclareceu que o Exército israelita não estava a bloquear o acesso das pessoas de Gaza às zonas de ajuda, afirmando que "pelo contrário, estamos a permitir". Contudo, referiu que o Hamas é responsável por impedir esse acesso. O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) relatou que, desde o início da manhã, o seu hospital de campanha em Rafah tratou 184 feridos, com 19 mortes já confirmadas à chegada.
Os confrontos em Gaza têm-se tornado frequentes desde a implementação de um novo sistema de distribuição de ajuda, promovido por uma fundação apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, que visa evitar a influência do Hamas. No entanto, as Nações Unidas criticaram esta abordagem, sustentando que não resolve a crescente crise de fome e, na verdade, permite a Israel usar a ajuda humanitária como um instrumento de controle.
A Fundação Humanitária de Gaza (GHF) nomeou um novo diretor, o reverendo Johnnie Moore, que promete expandir a missão de ajuda humanitária. Esta nomeação surge num momento conturbado, onde a saída de consultores logísticos e alegações de uso da ajuda para deslocar residentes palestinianos levantam preocupações sobre a gestão da crise na região.
O conflito teve início após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultaram em cerca de 1.200 mortes em Israel, seguido por uma reação militar de Israel na Faixa de Gaza, que já causou mais de 54 mil mortes, incluindo um grande número de civis e a destruição massiva de infraestruturas.