A Comissão Europeia manifestou a sua determinação em alcançar um acordo comercial com os EUA, desvalorizando as recentes ameaças do Presidente norte-americano sobre tarifas pesadas.
A Comissão Europeia reiterou hoje a sua dedicação em finalizar um acordo comercial com os Estados Unidos, em resposta às declarações do Presidente Donald Trump, que sugeriu a imposição de tarifas de 50% sobre as importações europeias.
Em comentário feito nas redes sociais, o comissário europeu para o Comércio e a Segurança Económica, Maros Sefcovic, destacou que "o comércio entre a União Europeia e os EUA é sem paralelo e deve ser guiado pelo respeito mútuo, não por ameaças". Sefcovic assegurou que a UE está "pronta para defender os seus interesses".
A declaração do comissário seguiu-se a uma conversa telefónica com os altos representantes comerciais da Casa Branca, Jamieson Greer e Howard Lutnick. Sefcovic enfatizou que a UE está comprometida em alcançar um acordo que beneficie ambas as partes, relembrando que a Comissão Europeia trabalha de boa fé nas negociações.
A escalada das tensões surgiu após Trump ter advertido os 27 países da União Europeia sobre tarifas alfandegárias que, segundo ele, poderiam levar as empresas europeias a transferirem a sua produção para os EUA para evitar tais custos. "O que fará é enviar as suas empresas para os Estados Unidos e construir as suas fábricas", afirmou Trump, o que gerou preocupação significativa na Europa.
Durante uma atualização no seu perfil da rede Truth Social, Trump afirmou que as negociações comerciais com a UE "não estão a dar frutos" e sugeriu a implementação de tarifas de 50% sobre produtos europeus a partir de 1 de junho de 2025. "Não será aplicada tarifa se o produto for feito nos Estados Unidos", fez questão de clarificar.
Em conferência de imprensa, o Presidente norte-americano reforçou a sua convicção de que a UE deseja chegar a um acordo, mas não está a agir de forma adequada. Quando questionado sobre o que a União Europeia deveria fazer para evitar tais tarifas, Trump deixou escapar que não tinha uma resposta.
Trump argumentou que a Europa tem bloqueado a entrada de produtos norte-americanos, como automóveis, enquanto os EUA permitem a importação de veículos europeus, afirmando: "Está na altura de jogar este jogo da forma que eu sei jogar".
O Presidente também criticou as acções judiciais na Europa contra empresas americanas, considerando-as uma forma de angariação de fundos. "Usam isso como uma arma", destacou.
Desde que regressou ao cargo, Trump intensificou a sua retórica contra a China e a UE em matérias comerciais. Após ter anunciado em abril uma "trégua" na aplicação de tarifas reciprocadas a Bruxelas, a UE também decidiu adiar quaisquer medidas de retaliação.
Recentemente, os dois lados concordaram em intensificar as negociações para um acordo. As reacções europeias à ameaça de tarifas foram de indignação, com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Johann Wadephul, a classificar as tarifas como prejudiciais para ambas as partes. Ele expressou o seu apoio contínuo às negociações dirigidas pela Comissão Europeia.
Laurent Saint-Martin, ministro francês do Comércio Externo, apelou a uma desescalada do conflito, garantindo que a UE está pronta para responder às acções de Trump. O primeiro-ministro irlandês, Michéal Martin, também expressou que tais tarifas prejudicariam gravemente as relações comerciais entre a UE e os EUA, lamentando as ameaças do Presidente norte-americano.
A Irlanda, que alberga muitas sedes de empresas tecnológicas dos EUA, como a Apple, Google e Meta, devido ao seu atrativo sistema fiscal, será particularmente impactada por estas ameaças comerciais.