Moscovo enviará um esboço com as suas condições para a paz na Ucrânia após a troca de prisioneiros, enquanto o país vizinho mantém a sua reivindicação de soberania.
A Rússia está a preparar o envio de um documento à Ucrânia que apresentará as suas condições para encerrar a invasão iniciada em 2022, seguindo uma significativa troca de prisioneiros que deverá ocorrer no próximo domingo. Esta informação foi divulgada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
"Assim que a troca de prisioneiros de guerra estiver finalizada, estaremos prontos para entregar ao governo ucraniano o rascunho do acordo que estamos a formular", afirmou Lavrov, conforme reportado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O referido documento visa estabelecer as bases para um acordo robusto e duradouro que resolva o conflito na Ucrânia, segundo Lavrov.
Espera-se que Kyiv também elabore a sua versão de um documento, após as recentes negociações entre representantes russos e ucranianos em Istambul, que foram as primeiras desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.
Como resultado destas discussões, as duas nações estão a preparar-se para a troca de mil prisioneiros de cada lado, tendo já ocorrido hoje a libertação de 270 soldados e 120 civis. Este processo deverá continuar no sábado e domingo.
A Rússia, que controla cerca de 20% do território ucraniano, mantém exigências rigorosas que incluem o reconhecimento da soberania sobre quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia) e da península da Crimeia, além da desmilitarização da Ucrânia e a rejeição da sua adesão à NATO.
Por seu lado, Kyiv, junto com os seus aliados ocidentais, reivindica uma trégua antes de qualquer conversa de paz com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, insistindo na preservação da sua soberania sobre as áreas em questão.
Em declarações à agência russa TASS, Lavrov expressou ceticismo em relação à possibilidade de que Moscovo aceite realizar conversações de paz com a Ucrânia no Vaticano em junho, conforme reportado pela imprensa norte-americana. O ministro sugeriu que "seria um pouco deselegante que países ortodoxos discutissem as causas da guerra em território católico", considerando que isso não seria confortável para o próprio Vaticano.