A South Western Railway é a primeira operadora ferroviária britânica a ser reintegrada ao setor público, como parte da política do governo trabalhista para renacionalizar os caminhos-de-ferro.
A South Western Railway, que opera na região sudoeste de Inglaterra, tornou-se hoje a primeira empresa ferroviária a retornar à propriedade pública, no âmbito da iniciativa do governo trabalhista para renacionalizar os caminhos-de-ferro britânicos.
O Ministério dos Transportes destacou esta mudança como "uma nova era para o transporte ferroviário" em comunicado. A secretária dos Transportes, Heidi Alexander, que visitou uma estação no sul de Inglaterra na semana passada, afirmou: "Vamos dizer adeus a 30 anos de ineficiência, desperdício e frustração dos passageiros."
Alexander sublinhou que o governo está a focar-se num futuro promissor para os serviços ferroviários. A privatização dos caminhos-de-ferro teve início na década de 1990, sob a administração do então primeiro-ministro conservador John Major, e fez parte das políticas neoliberais de Margaret Thatcher. Apesar das promessas de melhorias, o modelo de privatização, que visava maior investimento e eficiência, revelou-se impopular e controverso.
Inicialmente, o número de passageiros e os investimentos aumentaram, mas um trágico descarrilamento em 2000, que resultou em quatro mortes, chocou a opinião pública, desencadeando críticas generalizadas e queixas sobre cancelamentos, atrasos e altos preços.
A rede ferroviária é agora gerida pela Network Rail e, embora quatro das 14 operadoras em Inglaterra tenham sido assim reintegradas nos últimos anos devido a fracos desempenhos, a intenção era que voltassem ao privado após uma gestão temporária.
Com a nova maioria trabalhista, aprovada recentemente uma lei que prevê a nacionalização das operadoras privadas ao fim dos seus contratos (ou antecipadamente em casos de má gestão), culminando na criação de uma nova entidade denominada Great British Railways. Esta estratégia evitará o pagamento de penalizações, já que todos os contratos em vigor expirarão em 2027.
Os sindicatos, que têm promovido greves devido à crise do custo de vida, celebraram esta reintegração estatal. O secretário-geral do sindicato dos maquinistas Aslef, Mick Whelan, afirmou: "Todos no setor ferroviário sabem que a privatização não funcionou e não está a funcionar." Para Whelan, a transferência das empresas para a esfera pública "garantirá que os serviços sejam geridos no interesse dos passageiros, não dos acionistas", embora a resolução dos problemas estruturais da rede leve tempo.
O governo anunciou em dezembro que a South Western Railway seria a primeira empresa afetada, seguida pela c2c a 20 de julho e pela Greater Anglia a 12 de outubro. A partir de hoje, a gestão das operações da South Western Railway será assegurada por um novo operador público, que se integrará na Great British Railways assim que esta nova entidade for criada.