Um imigrante salvadorenho, de 30 anos, regressa aos Estados Unidos após ter sido deportado "por erro", mas enfrenta novas acusações de tráfico de imigrantes.
Kilmar Abrego Garcia, um salvadorenho identificado nos registos judiciais como O.C.G, está a caminho dos Estados Unidos depois de ter sido ilegalmente deportado para El Salvador pela administração de Donald Trump. Esta é a primeira vez que uma pessoa é devolvida à custódia norte-americana após a deportação desde que Donald Trump iniciou o seu segundo mandato.
De acordo com relatos da comunicação social americana, Abrego Garcia, de 30 anos, que estava a cumprir pena numa prisão de alta segurança em El Salvador, enfrentará agora acusações de transporte ilegal de imigrantes para os Estados Unidos. A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, comentou: "É assim que é a justiça nos Estados Unidos."
O caso de Abrego Garcia remonta a 2022, quando as autoridades começaram a suspeitar dele após uma paragem na estrada. Segundo um relatório, durante uma operação de trânsito, várias pessoas sem bagagem deram a morada de Abrego Garcia quando interrogadas. Na altura, os agentes deixaram-no seguir viagem com um simples aviso sobre a validade da sua carta de condução.
A esposa de Abrego Garcia defendeu que o seu marido costumava transportar trabalhadores entre diferentes locais de construção e que era plausível que estivesse a conduzir quando foi parado. O seu advogado, Simon Sandoval-Moshenberg, denunciou o que considerou ser um "abuso de poder", afirmando que a administração Trump estava a usar acusações infundadas para ocultar um erro claro na deportação.
Após a divulgação de um vídeo da paragem de trânsito em que Abrego Garcia foi abordado, a imagem mostra uma conversa amistosa entre os agentes da Patrulha Rodoviária do Tennessee. Apesar da tranquilidade da abordagem, um dos agentes insinuou que ele estava a transportar pessoas por dinheiro, já que encontraram 1.400 dólares num envelope.
A situação de Abrego Garcia destaca as tensões nas políticas de imigração de Trump e os conflitos com o sistema judicial americano. O presidente norte-americano reiterou que o imigrante estava ligado à gangue MS-13, mas as novas acusações levantam questões sobre a legitimidade da deportação inicial.
O retorno de Abrego Garcia à custódia americana ocorre após um tribunal ordenar a devolução de um guatemalteco que também foi deportado para o México, enfrentando risco de perseguição naquele país.