O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, assegurou em Paris que o acordo entre Mercosul e União Europeia visa a cooperação, sem detrimento dos agricultores franceses.
Em uma conferência de imprensa em Paris, o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, destacou que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que implica a colaboração de 31 países, não é destinado a "prejudicar os produtores franceses". Lula enfatizou: "Não quero que um produtor brasileiro prejudique um produtor francês. É essencial encontrarmos junto os pontos problemáticos, não se trata de ideologias, mas de economia."
O líder brasileiro acredita que o Parlamento Europeu irá aprovar o acordo, embora tenha reforçado que este deve ser um "esforço coletivo", pois não se trata apenas de um "acordo unilateral entre a França e o Brasil". O Presidente francês, Emmanuel Macron, tem expressado preocupações sobre o impacto do acordo na agricultura europeia.
Lula continuou a argumentar que existe uma pressão política na França para sustentar que um acordo com o Mercosul representaria riscos para a agricultura francesa, pois não conseguiria competir com o agronegócio brasileiro. O brasileiro defendeu uma ideia de "complementaridade" entre os setores agrícolas dos dois países.
Rebatendo as críticas, Lula afirmou que Macron se queixa de um acordo anterior que o seu Governo não aceitou, levando à necessidade de alterações. "Nós não queremos prejudicar o produtor francês. O meu objetivo não é comprometer o pequeno e médio produtor francês, mas sim unir esforços entre os pequenos agricultores dos dois países", alegou.
Os dois líderes deverão encontrar-se em novembro durante a 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, na Amazónia. O acordo, que abrange os países Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, é projetado para permitir que a UE aumente as suas exportações de automóveis, maquinaria e bebidas espirituosas, em troca de produtos agrícolas sul-americanos, suscetível de apoio por nações como a Alemanha e a Espanha, mas também alvo de contestação por parte de outros países europeus.
Durante a sua visita de Estado em Paris, que marcou a primeira em 13 anos, Lula da Silva instou Macron a apoiar a aceitação do acordo nos próximos seis meses da presidência brasileira do Mercosul. O Presidente brasileiro prossegue agora para o Mónaco para um fórum sobre a economia marítima, seguido da terceira conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos em Nice e uma visita à sede da Interpol em Lyon.