Rússia acusa Ucrânia de postergar indefinidamente troca de prisioneiros

A Rússia fez hoje acusações contundentes contra a Ucrânia, alegando que esta adiou a troca de prisioneiros e a devolução de corpos de soldados mortos, inicialmente planejada para este fim de semana. O chefe da delegação russa, Vladimir Medinski, utilizou a rede social Telegram para comunicar a situação.

Medinski revelou que a troca tinha sido acordada após a segunda sessão de negociações entre os países, realizada em Istambul, Turquia. No entanto, o oficial russo criticou o cancelamento da receção dos corpos e da troca, afirmando que a parte ucraniana apresentou justificaçãos que "parecem bastante estranhas".

De acordo com Medinski, a Rússia cumpriu a sua parte no acordo humanitário e iniciou na sexta-feira a entrega de 6.000 corpos de soldados ucranianos. Ele afirmou que o primeiro grupo de 1.212 cadáveres já foi enviado em camiões frigoríficos e que o grupo de contacto do Ministério da Defesa russo está na fronteira para realizar a troca.

Medinski apelou à Ucrânia para que respeite os termos acordados, afirmando: "Devemos garantir que 1.200 soldados e oficiais de cada lado possam retornar às suas casas". O responsável também fez um apelo para que os corpos dos 6.000 soldados ucranianos sejam recuperados para que possam ser enterrados dignamente.

Na quarta-feira passada, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que ambos os lados tinham concordado em realizar a troca de 500 prisioneiros no fim de semana, após um entendimento para libertar soldados feridos e gravemente doentes. Anteriormente, uma troca semelhante foi realizada em três fases, após um encontro histórico em Istambul.

Zelensky expressou críticas em relação à composição da delegação russa, considerando-a inadequada para discussões sobre um possível cessar-fogo. Ele defendeu a realização de encontros de alto nível, incluindo possíveis discussões com Vladimir Putin e Donald Trump, mediadas pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para facilitar o diálogo de paz.

No entanto, o líder ucraniano advertiu que as condições impostas pela Rússia são "inaceitáveis", classificando-as como um ultimato. Desta forma, Zelensky apelou à necessidade de a Rússia aceitar a diplomacia para acabar com o conflito, afirmando que o Kremlin parece estar a ganhar tempo em detrimento da situação no campo de batalha.