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A Nova Era dos Crimes: Ameaças Personalizadas com Inteligência Artificial

há 7 horas

Luís Afonso, inspetor-chefe da PJ, alerta para a crescente "hiperpersonalização dos ataques" facilitada pela IA, embora ainda não existam relatos em Portugal.

A Nova Era dos Crimes: Ameaças Personalizadas com Inteligência Artificial

Luís Afonso, inspetor-chefe da Polícia Judiciária (PJ), destaca, numa entrevista à Lusa, que um dos maiores desafios da inteligência artificial (IA) é a "hiperpersonalização dos ataques". Apesar de este fenómeno ainda não ter sido reportado em Portugal, Afonso salienta que a IA "vai potenciar o crime existente e simplificar a vida dos criminosos". O inspetor-chefe da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T) explica que a IA poderá especializar os ataques, tornando-os mais eficazes.

Tradicionalmente, a técnica de 'phishing' envolvia o envio de um grande número de e-mails, mas com a IA, os criminosos podem agora coletar dados de forma automatizada nas redes sociais para criar mensagens altamente personalizadas. Essa personalização faz com que as vítimas reconheçam elementos familiares na comunicação, aumentando as chances de sucesso do golpe.

Um outro exemplo mencionado por Afonso é a fraude do 'CEO', onde um criminoso se infiltra na comunicação entre duas empresas para redirecionar pagamentos. A utilização de clonagem de voz, já acessível a um baixo custo, permite que o criminoso se passe por um administrador e solicite alterações urgentes na conta bancária a ser utilizada.

Afonso observa que, embora ainda não existam casos documentados em Portugal, há relatos de situações semelhantes no estrangeiro que poderão facilitar a massificação desse tipo de crime. Ele sublinha que as pessoas precisam de ser vigilantes, uma vez que perfis e comunicações podem não ser autênticos.

Relativamente ao setor bancário, Afonso afirma que existem medidas de prevenção em vigor, incluindo a implementação de verificações duplas, como o uso de 'tokens', para confirmar a identidade do cliente antes de qualquer transação. Ele advoga que os bancos não devem aceitar ordens apenas por telefone e devem sempre assegurar uma verificação adicional.

Ainda sobre a evidência visual, o inspetor-chefe prevê que, no futuro, será necessário adotar um sistema de dupla verificação para identificar a autenticidade de imagens, dado que a confiança nas mesmas está a ser erodida.

Questionado se já surgiram vítimas de ataques utilizando IA, Afonso afirma que ainda não, mas ele indica que já existem tentativas de personalização de perfis, que podem ser consideradas como um primeiro passo nesse sentido. A sua principal preocupação é a crescente adoção de técnicas de 'prompt', que possibilitam a coleta de dados de forma eficiente através de interações com assistentes de IA.

Afonso conclui que o maior perigo reside na "hiperpersonalização dos ataques", um fenómeno que a sociedade terá de enfrentar rapidamente.

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#Cibersegurança #InteligenciaArtificial #Hiperpersonalizacao