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A Nova Era do Crime Digital: A Perigosa Hiperpersonalização com IA

há 6 horas

O inspetor-chefe da PJ alerta para os riscos da inteligência artificial no cibercrime, destacando a "hiperpersonalização dos ataques" como um dos maiores desafios atuais.

A Nova Era do Crime Digital: A Perigosa Hiperpersonalização com IA

Em entrevista à Lusa, Luís Afonso, inspetor-chefe da Polícia Judiciária (PJ), sublinha que a inteligência artificial (IA) representa um desafio significativo para a segurança, ao permitir um aumento na especialização dos crimes.

O 'phishing', que anteriormente consistia no envio massivo de emails fraudulentos, pode agora ser drasticamente aprimorado pela IA. Esta tecnologia permite a coleta automatizada de dados pessoais disponíveis na internet e redes sociais, possibilitando aos criminosos uma abordagem mais direcionada e personalizada, aumentando as chances de sucesso das suas ações. A vítima recebe, assim, mensagens que aparentam ser de alguém próximo ou familiar, o que facilita a manipulação.

Outro exemplo dado por Afonso é o esquema conhecido como 'CEO fraud'. Neste tipo de golpe, um intermediário se infiltra na comunicação entre duas empresas, disfarçando-se como uma das partes e solicitando a alteração dos detalhes de pagamento para outra conta bancária. Tradicionalmente realizado por email, com as novas tecnologias de clonagem de voz, esta fraude pode ser reforçada com uma chamada telefónica, onde a voz do administrador é simulada. Segundo Afonso, o custo desta tecnologia é acessível – cerca de 30 euros por mês – tornando-a uma ferramenta fácil de ser adquirida por organizações criminosas.

Apesar de em Portugal ainda não terem sido reportados casos deste tipo, outros países já estão a enfrentar estas ameaças. O inspetor-chefe acredita que a massificação deste tipo de crimes é iminente e alerta que as pessoas devem estar mais atentas à autenticidade das comunicações que recebem.

No que diz respeito ao setor bancário, Afonso reconhece que existem já mecanismos de prevenção, mas defende que é vital implementar uma dupla verificação de identidade nas operações, especialmente aquelas realizadas por telefone. Para o futuro, Afonso antecipa que tribunais tambémVenham a requerer métodos semelhantes de verificação.

Questionado sobre a denuncia de crimes envolvendo IA na PJ, Afonso revela que ainda não houve registos, embora existam indícios de que perfis de redes sociais estejam a ser usados. O responsável destaca a importância da conscientização sobre o uso de 'prompts' - comandos que direcionam as interações com assistentes de IA - que facilitam a coleta de dados de maneira automatizada.

Em resumo, o inspetor-chefe da PJ reitera que a hiperpersonalização dos ataques é um dos principais riscos associados à utilização crescente da inteligência artificial nos crimes digitais.

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#Hiperpersonalização #Cibercrime #InteligênciaArtificial