A Moody's baixou a perspetiva da Red Eléctrica de Espanha para negativa após o apagão de 28 de abril, apesar de manter a sua classificação em Baa1.
A agência de notação financeira Moody's anunciou uma alteração na perspetiva da Red Eléctrica de Espanha e da sua subsidiária Red Eléctrica Financiaciones, passando de estável para negativa, um movimento justificado pelo apagão que ocorreu na Península Ibérica a 28 de abril.
Embora a classificação da empresa se mantenha em Baa1, considerada de grau elevado, a Moody's expressou preocupações sobre a possibilidade de a empresa aumentar os seus investimentos além do que estava inicialmente previsto. Este cenário surge no contexto de uma investigação em curso para apurar as causas do apagão, um processo que se prevê possa levar várias semanas.
Tem havido um entendimento crescente entre os políticos sobre a necessidade de reforçar a resiliência da rede elétrica, especialmente em face do aumento da utilização de energias renováveis. Uma das medidas propostas inclui a ampliação da capacidade de interligação, que atualmente se situa em cerca de 2% da capacidade instalada, ainda bastante aquém das metas estabelecidas pela Comissão Europeia de 10% até 2025 e 15% até 2030.
Em resposta a essas necessidades, a Red Eléctrica, que é a homóloga da REN em Portugal, anunciou um aumento nos seus investimentos no sistema de transmissão, que atingirão 1.100 milhões de euros em 2024, comparando com uma média de 600 milhões entre 2021 e 2023. Para este ano, espera-se um novo crescimento nos investimentos, os quais podem chegar a 1.400 milhões de euros.
Adicionalmente, a Moody's aguarda que o Governo espanhol apresente um novo Plano Nacional de Transmissão para 2025-2030, o que deverá lançar mais luz sobre as futuras necessidades de investimento da companhia.
A mudança da perspetiva para negativa também reflete o aumento dos riscos sociais que as empresas elétricas em Espanha, incluindo a Red Eléctrica, enfrentam atualmente. Esta empresa é fundamental para manter o equilíbrio entre a oferta e a procura de eletricidade na sua função como Operadora do Sistema de Transmissão.
Caso seja considerada responsável pelo apagão, a Red Eléctrica poderá ser sujeita a coimas que podem atingir até 60 milhões de euros, além de ter de indemnizar terceiros por eventuais danos causados. Apesar de a coima representar um impacto financeiro relativamente contido, as indemnizações podem ser bastante significativas.
Embora a empresa disponha de uma apólice de seguros, há a preocupação de que as reclamações possam ultrapassar a cobertura existente, arriscando a abertura de litígios prolongados.