Os cinco principais bancos em Portugal apresentaram lucros de 1.218,6 milhões de euros até março. Apesar da ligeira queda em relação ao ano anterior, alguns bancos têm razões para comemorar.
Os cinco maiores bancos a operar em Portugal, nomeadamente a Caixa Geral de Depósitos (CGD), Santander Totta, Millennium BCP, Novo Banco e BPI, reportaram um total de lucros de 1.218,6 milhões de euros até ao final de março, representando uma redução de 0,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
No primeiro trimestre, os lucros destes bancos diminuíram em 6,5 milhões de euros em relação ao mesmo período do ano passado, com a evolução da margem financeira a continuar a ser um fator importante. Esta margem, que se refere à diferença entre os juros cobrados em empréstimos e os juros pagos em depósitos, totalizou 2.213,3 milhões de euros para o conjunto dos cinco. Contudo, esta cifra traduz uma queda de 7,7% (equivalente a 184,6 milhões de euros) face ao ano anterior.
Entre os cinco bancos, apenas o BPI e o BCP conseguiram aumentar os seus lucros em comparação com 2022, enquanto os outros três bancos reportaram resultados líquidos inferiores. A descida dos lucros já havia sido antecipada por diferentes vozes do setor, uma vez que as taxas de juro, que subiram significativamente nos últimos tempos, começaram a sofrer um decréscimo, ditado pelo Banco Central Europeu.
A política monetária implementada para controlar a inflação, que se intensificou após a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia, parece ter dado os seus frutos, com a taxa de inflação a estabilizar nos 2,2% em abril, conforme dados do Eurostat, a pouco mais da meta de 2%.
Com a redução das taxas de juro, as margens financeiras refletiram essas mudanças, com quatro dos cinco bancos a registarem um recuo nesta área; a única exceção foi o BCP, que viu a sua performance financeira melhorar.
Por instituições, a CGD liderou em termos de lucros, com um total de 392,5 milhões de euros, apesar de uma ligeira descida de 0,5% e uma redução de 11,2% na sua margem financeira, que se fixou nos 636,3 milhões de euros.
Entre os bancos privados, o Santander Totta relatou o maior lucro, alcançando os 268,8 milhões de euros, embora com uma descida de 8,7% em relação ao ano anterior, impulsionada por uma contração de 19,6% na sua margem financeira, que se situou em 354,2 milhões de euros.
O Millennium BCP experienciou um aumento de 3,9% nos seus lucros, totalizando 243,5 milhões de euros, alinhando-se com uma leve melhoria na sua margem financeira, que subiu 3,6% para 721,1 milhões de euros.
No terceiro lugar entre os bancos privados, o Novo Banco reportou lucros de 177,2 milhões de euros, embora isso represente uma diminuição de 1,9% em comparação com o ano anterior. A sua margem financeira também recuou 6,7%, totalizando 279,1 milhões de euros.
Por último, o BPI, embora registando os lucros mais modestos entre os cinco, de 136,6 milhões de euros, destacou-se pelo maior crescimento, com um aumento homólogo de 12,6%. Entretanto, a sua margem financeira viu também uma descida de 9,4%.
Em termos de recursos humanos, os cinco grandes do setor bancário empregavam um total de 25.460 trabalhadores e possuíam 2.203 agências em Portugal. Estes números revelam uma redução de 136 funcionários e 16 balcões ao longo do ano. Quando comparados com o final de 2024, observa-se um aumento de 151 trabalhadores, embora tenha havido uma redução de dois balcões.
No final de março, o Millennium BCP liderava em número de funcionários com 6.229, seguido pela CGD com 6.033, Santander Totta com 4.682, BPI com 4.303 e Novo Banco com 4.213. Em comparação com o trimestre anterior, apenas a CGD teve uma ligeira redução no número de trabalhadores, enquanto os restantes bancos apresentaram aumentos significativos.
Quanto às agências, o BPI (303), Novo Banco (290) e CGD (886) mantiveram o número de balcões, enquanto Millennium BCP e Santander Totta viram cada um deles reduzir o número de agências em um.