As conversações entre EUA e Irão em Roma revelam avanços no programa nuclear, embora desafios continuem. Novas reuniões estão agendadas para esclarecer questões pendentes.
Os Estados Unidos informaram hoje que as conversações realizadas em Roma com o Irão sobre o seu programa nuclear foram produtivas, com a identificação de "progressos adicionais". No entanto, um alto responsável norte-americano sublinhou que "ainda há trabalho a fazer" antes das próximas rondas negociais. "As discussões continuam a ser construtivas, fizemos progressos adicionais, mas ainda há trabalho a fazer", afirmou, adiantando que ambas as partes concordaram em reunir-se novamente em breve.
Pela sua parte, os representantes iranianos descreveram o diálogo como profissional, apesar do complexo contexto das negociações. Desde a Revolução Islâmica de 1979, Teerão e Washington têm mantido uma relação conturbada, mas as discussões que começaram em abril surgem como um passo significativo.
As conversações envolvendo o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, e o enviado dos EUA para o Médio Oriente, Steve Witkoff, ocorreram numa residência diplomática em Roma e duraram cerca de três horas. Araghchi descreveu a complexidade das negociações, advertindo que "não podem ser resolvidas em duas ou três reuniões". O mediador das conversações, Badr al-Boussaïdi, ministro omani, mencionou "algum progresso" nas discussões.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã expressou em uma mensagem na rede social X a esperança de que as questões pendentes possam ser esclarecidas em breve, com o objetivo de alcançar um acordo duradouro.
Este conjunto de negociações representa o nível mais elevado de diálogo entre os dois países desde que os EUA se retiraram unilateralmente em 2018 do acordo nuclear firmado em Viena. Durante a administração de Donald Trump, os EUA impuseram sanções severas ao Irão como parte de uma estratégia de "pressão máxima". Atualmente, Washington procura estabelecer um novo entendimento, condicionado ao levantamento das sanções que estão a afetar a economia iraniana, enquanto Israel expressa a possibilidade de ação militar caso as negociações falhem.
As diferenças persistem na questão do enriquecimento de urânio, essencial para a produção de armas nucleares. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reiterou que "o Irão não pode ter capacidade de enriquecimento", enquanto Araghchi relatou que existem "desentendimentos fundamentais" em relação a este ponto. O Irão defende o seu direito ao uso de energia nuclear civil, alegando que as exigências dos EUA contrariam o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) do qual o país é signatário.
Por outro lado, um comunicado da porta-voz da Casa Branca indicou que Donald Trump discutiu a situação do Irão com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, conseguindo até ao momento moderar as ameaças de Israel, que no último ano se envolveu em confrontos com aliados iranianos na Palestina, Líbano e Iémen.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) reportou que o Irão está a enriquecer urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67% definido pelo acordo de 2015, embora ainda abaixo do 90% necessário para fins militares. O acordo atual estará em vigor até outubro, após o qual existe a possibilidade de reimposição de sanções da ONU caso o Irão não cumpra os seus compromissos.