Digitalização nas Microfinanças de Cabo Verde: Oportunidades Emergentes

O Banco de Cabo Verde (BCV) aponta que o sector das microfinanças no país ainda não se adaptou às inovações digitais que marcam outros lugares do mundo. Segundo um relatório recente, embora algumas instituições já tenham dado os primeiros passos na digitalização, particularmente na área de crédito, o conjunto do sector apresenta uma evolução inferior em comparação com as tendências globais.

A digitalização de produtos e serviços representa uma oportunidade significativa, pois as recentes dinâmicas de inclusão financeira e sustentabilidade têm o potencial de revolucionar a oferta de produtos, tornando-os mais acessíveis e eficientes. O BCV menciona exemplos de soluções implementadas em outros países, como carteiras digitais, serviços de 'mobile money' e plataformas de empréstimos online, que podem não apenas diminuir custos operacionais, mas também aumentar o acesso a serviços financeiros, especialmente em áreas isoladas.

Carlos Monteiro, presidente do Techpark, revelou que a incubação de empresas no novo Parque Tecnológico de Cabo Verde pode ser fundamental para descobrir soluções digitais que respondam às necessidades de instituições como a Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) e a Empresa de Distribuição de Eletricidade (EDEC, antiga Electra).

O Techpark tem promovido 'hackatons', eventos que reúnem programadores e empreendedores para abordar desafios reais. Um exemplo de sucesso foi a formação que resultou numa 'startup' criada para resolver um problema apresentado pela BVC, que agora se desenvolve com o auxílio do Techpark. Outro projeto foi a busca de soluções por parte da EDEC para as perdas de eletricidade, onde várias 'startups' apresentaram propostas que estão a ser incubadas até à maturação dos produtos.

O modelo tripartido é uma abordagem inovadora, agregando necessidades do mercado, soluções criativas e um ambiente propício para o desenvolvimento. Com o crescimento global das fintechs e a popularidade de plataformas como MB Way, PayPal e Revolut, Cabo Verde pode beneficiar de uma nova geração de ferramentas digitais. Estas tecnologias podem facilitar a inclusão financeira em um país onde muitas pessoas permanecem fora do sistema bancário.

Atualmente, Cabo Verde conta com sete instituições de microfinanças, incluindo cinco cooperativas e duas mutualidades, que servem 10.359 clientes ativos e 4.024 depositantes. Os ativos destes organismos representam apenas 0,54% do PIB e 0,38% do total do sistema financeiro, mas o BCV destaca a sua relevante função social.