Cinco Anos após a Morte de George Floyd: Legado em Perigo com a Eleição de Trump

Hoje marca o quinto aniversário da morte de George Floyd, um acontecimento que não só abalou os Estados Unidos, mas que também deu origem a um poderoso movimento antirracista, o Black Lives Matter. Famílias e apoiantes em todo o país, incluindo cerimónias em Minneapolis e Houston, prestaram homenagens a Floyd, que foi assassinado pelo polícia Derek Chauvin.

A família de Floyd reuniu-se em Houston, perto do seu túmulo, onde o reverendo Al Sharpton liderou um evento significativo. Em Minneapolis, as celebrações incluíram um serviço religioso, uma vigília com velas e um concerto gospel, tudo parte do festival anual Rise and Remember, realizado na George Floyd Square, o local do crime que agora homenageia o seu nome.

Angela Harrelson, tia de Floyd, exortou a comunidade a continuar o trabalho iniciado após a sua morte: "Agora é a altura de as pessoas se levantarem e continuarem o bom trabalho que iniciámos". Em Houston, os eventos também abrangerão poesia, música e discursos de líderes locais.

No entanto, a reação nacional ao racismo que muitos consideraram um "ajuste de contas" está a perder força com a reeleição de Donald Trump e as suas ações para reverter algumas das reformas policiais implementadas em várias cidades após o assassinato. A brutalidade policial e o tratamento de afro-americanos continuam a ser preocupações constantes.

As últimas palavras de Floyd, "não consigo respirar", ecoaram por todo o mundo e tornaram-se um símbolo da luta contra o racismo. A tragédia, que teve origem num incidente menor de fraude com uma nota, culminou na condenação de Chauvin a 22 anos de prisão, além de outras penas relacionadas com a violação dos direitos civis de Floyd.

Apesar dos protestos em massa exigindo mudanças, incluindo a redução de verbas para as forças policiais e a implementação de métodos de policiamento mais justos, a realidade é que, cinco anos depois, pouco mudou. As disparidades nas mortes de afro-americanos sob custódia policial permanecem alarmantes, com estes a terem 2,8 vezes mais probabilidade de morrer em comparação com os brancos.

Desde 2015, estatísticas indicam que as mortes violentas a cargo da polícia entre nativos americanos e afro-americanos são significativamente mais elevadas do que entre hispânicos e brancos. Iniciativas para proibir técnicas de estrangulamento, oferecer formação sobre discriminação e utilizar câmaras corporais foram implementadas em alguns locais, mas o movimento Black Lives Matter parece enfrentar retrocessos com a administração atual, que desfez acordos para a responsabilização de forças policiais.

A organização de direitos civis Latino Justice lamentou as recentes decisões judiciais que encerraram investigações, descrevendo-as como uma "traição perigosa" aos direitos civis.