O governo sul-africano contestou as afirmações de Trump sobre supostos assassinatos em massa de agricultores brancos, destacando a distorção dos dados e a realidade da criminalidade no país.
O ministro da Polícia da África do Sul, Senzo Mchunu, teceu hoje críticas assertivas às alegações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugere que o país enfrenta um "genocídio branco". Mchunu afirmou que essas acusações baseiam-se em uma interpretação enganosa das estatísticas e não refletem a realidade da violência no país.
Durante a apresentação das últimas estatísticas de criminalidade, Mchunu esclareceu que nos últimos três meses apenas dois proprietários de quintas foram assassinados, ambos de origem negra. O ministério ainda registou ataques a explorações agrícolas que resultaram em mais mortes, sendo, no entanto, apenas uma vítima branca entre os total de mortos.
"As narrativas sobre os homicídios no país foram frequentemente distorcidas e apresentadas de forma desproporcionada", defendeu Mchunu. Os dados também mostram que, entre outubro e dezembro do ano passado, dos 12 homicídios registados em quintas, apenas um envolveu um proprietário branco.
Trump apresentou um vídeo e artigos durante uma conversa na Casa Branca com o Presidente Cyril Ramaphosa, que segundo ele, sustentam as suas alegações de "perseguição" aos agricultores brancos. Contudo, muitos desses relatos têm sido considerados imprecisos.
A relação entre a África do Sul e os EUA tem-se deteriorado desde que Trump assumiu o cargo, tendo este imposto restrições a ajuda e, de forma controversa, oferecido abrigo aos brancos sul-africanos que alegam ser perseguidos.
Embora o governo reconheça a elevada taxa de criminalidade no país, Mchunu sublinhou que esta afeta igualmente todas as comunidades e que, segundo as estatísticas, a maioria das vítimas de homicídios são jovens negros, residentes em áreas urbanas.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos também se manifestou, considerando "totalmente descabidas" as alegações feitas por Trump em relação à África do Sul.