O novo governo de Javier Milei impõe restrições significativas ao acesso dos jornalistas à Casa Rosada, aumentando o controlo sobre a cobertura mediática das atividades oficiais.
O governo de Javier Milei anunciou, através do Boletim Oficial, um conjunto de restrições que limita o acesso dos jornalistas à sede do Executivo argentino. As novas regras implicam um sistema de acreditações mais rigoroso, quota de acessos, e critérios de avaliação que exigem uma pontuação mínima.
Os jornalistas agora devem permanecer apenas nas áreas comuns do edifício, sendo proibida a circulação em corredores e gabinetes sem autorização expressa. O comunicado enfatiza que "a permanência e circulação em zonas não autorizadas está interditada."
No que se refere às conferências de imprensa, serão impostas limitações no número de participantes e requisitos de vestuário, além de normas de conduta a serem seguidas no espaço. O moderador terá também o poder de restringir a duração das perguntas e a utilização do microfone, forçando a devolução imediata após cada intervenção.
A nova normativa estabelece um sistema de acreditação anual e eventual. Os meios que solicitarem a acreditação anual terão de fornecer informações detalhadas sobre sua audiência, cobertura geográfica e a trajetória profissional dos jornalistas. Será exigida ainda a assinatura de uma declaração juramentada onde os profissionais se comprometem a respeitar as normas de convivência.
Para a acreditação eventual, válida por até cinco dias, será possível a inclusão de jornalistas independentes, que deverão apresentar um portfólio verificável e referências editoriais relevantes.
Um aspecto particularmente controverso é a introdução de uma "matriz de avaliação objetiva", que atribui pontuações a critérios como audiência, especialização em temas governamentais e documentação correta. Apenas os jornalistas que obtiverem pelo menos 35 pontos serão autorizados a aceder às atividades governamentais.
Essas mudanças ocorrem num ambiente de crescente tensão entre o governo e a imprensa, caracterizado por declarações polémicas, cortes orçamentais em meios públicos e alegações de censura e violência contra os jornalistas durante manifestações.