O líder do Chega, André Ventura, pondera a criação de uma comissão de inquérito sobre a Spinumviva, a menos que o primeiro-ministro esclareça as dúvidas persistentes.
André Ventura, presidente do Chega, sugeriu que o partido poderá avançar com uma comissão parlamentar de inquérito ao caso da Spinumviva se continuarem a existir "dúvidas graves e insustentáveis" sobre a situação. Esta declaração foi feita durante uma entrevista à SIC, onde o líder do Chega expressou a sua insatisfação com a falta de esclarecimentos por parte do primeiro-ministro.
"Vamos monitorizar a evolução da situação [relativa à Spinumviva]. As dúvidas sobre o primeiro-ministro são sérias e não podem ser ignoradas do ponto de vista político", afirmou Ventura, sublinhando a importância da transparência.
O líder do Chega também fez questão de destacar que Luís Montenegro deve clarificar se está disposto a prestar esclarecimentos sobre a sua anterior empresa, Spinumviva, a qual agora pertence aos seus filhos e que se tornou um tema central na controvérsia que levou à instabilidade governativa e às eleições antecipadas.
“A nossa prioridade é a estabilidade, mas isso não deve comprometer a nossa luta contra a corrupção e a promoção da integridade”, declarou Ventura, apelando à responsabilidade do primeiro-ministro neste processo.
Na mesma entrevista, realizada nos corredores da Assembleia da República, Ventura reiterou que o Chega planeia constituir um "governo-sombra" com a maioria dos nomes a serem figuras externas ao partido, afirmando que tal acção não implica qualquer previsão de crise política, mas sim uma preparação proactiva para governar caso seja necessário.
Sobre a adequação de utilizar figuras externas, explicou: "Os partidos devem ser agentes de transformação, mas somos firmemente contra o favorecimento por meio de ligações partidárias."
Quando questionado sobre a durabilidade da legislatura, destacou: "O desejável é que esta legislatura se mantenha até ao fim, mas quero transmitir aos cidadãos que estou preparado para assumir a governação, se tal se justificar."
Em relação à moção de rejeição do programa do governo apresentada pelo PCP, Ventura optou por não divulgar como o Chega votará, mas reiterou o seu compromisso em agir de forma responsável: “Seremos firmes na luta contra a corrupção e a dependência de subsídios”.
Por último, sobre a revisão constitucional proposta pela Iniciativa Liberal, Ventura admitiu que o Chega poderia estar envolvido na discussão, incluindo propostas que prevejam a pena de prisão perpétua para determinados crimes.