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Vendas de Medicamentos para Obesidade Disparam em 2025

há 1 dia

Nos primeiros quatro meses de 2025, as vendas de medicamentos para a obesidade praticamente igualaram as de todo o ano anterior, com mais de 111 mil embalagens comercializadas, segundo a ANF.

Vendas de Medicamentos para Obesidade Disparam em 2025

Os dados mais recentes indicam que, nos primeiros quatro meses de 2025, ultrapassaram-se as 111 mil embalagens vendidas de medicamentos direcionados para o tratamento da obesidade, número que se aproxima do total registrado em todo o ano de 2024. Apesar de serem produtos que não são comparticipados, e portanto oneram significativamente o orçamento familiar (cujos custos podem atingir até 245 euros por mês), a procura continua a crescer.

Nos últimos cinco anos, as vendas destes fármacos quase duplicaram, passando de 45.790 embalagens em 2019 para 119.588 em 2024, conforme relatado pela Associação Nacional de Farmácias (ANF) com base em dados da Health Market Research (HMR). A crescente necessidade de comparticipação destes medicamentos, que incluem ingredientes como Bupropiom, Naltrexona, Liraglutido, Semaglutido e Tirzepatida, é cada vez mais defendida por médicos e especialistas, em resposta à preocupante taxa de obesidade que afeta 15,9% dos adultos em Portugal.

O relatório, divulgado no âmbito do Dia Nacional da Luta Contra a Obesidade, que se celebra no próximo sábado, aponta para um incremento constante das vendas: em 2019 foram 45.790 embalagens, 46.500 em 2020, 55.173 em 2021, 60.259 em 2022 e 82.513 em 2023, a culminar em 119.588 em 2024, com um aumento significativo de 44,9%.

O presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, José Silva Nunes, sublinhou a urgência em considerar a comparticipação, uma questão que afeta particularmente as classes sociais mais vulneráveis, onde a prevalência da obesidade é maior. “Estes grupos enfrentam grandes dificuldades em aceder a tratamentos eficazes, seja por via farmacológica, seja por cirurgia”, afirmou o endocrinologista.

Embora reconheça os custos que uma eventual comparticipação possa acarretar para o Estado, Nunes acredita que, a médio e longo prazo, os benefícios em termos de custo-efetividade serão incalculáveis. Carlos Oliveira, da Associação Portuguesa de Pessoas que Vivem com Obesidade (ADEXO), também reforçou a ideia de que não se pode discriminar pessoas com a mesma condição, pedindo à nova administração que considere esta medida em 2025.

Segundo o estudo Custo e Carga da Obesidade, realizado no final do ano passado, a obesidade e a pré-obesidade representam um peso direto significativo nos gastos públicos, equivalendo a cerca de 1,14 mil milhões de euros anualmente.

“A obesidade impacta brutalmente a economia, correspondendo a perto de 6% dos gastos em saúde”, concluiu José Silva Nunes.

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