Quase 1.500 pacientes oncológicos excedem o tempo de espera para cirurgia

De acordo com um relatório que acompanha o plano de emergência da saúde, datado de 31 de março e ao qual a Lusa teve acesso, um total de 8.868 utentes aguardava por cirurgia oncológica, dos quais 1.488 já tinham ultrapassado o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG). Dentre estes, 180 não tinham qualquer cirurgia programada.

Estes números representam uma melhoria em comparação com março do ano anterior, quando estavam registados 9.477 utentes, dos quais 2.536 estavam fora do tempo máximo de resposta (incluindo 1.067 com cirurgia agendada).

O programa Oncostop, que visa reduzir as listas de espera para cirurgias oncológicas, faz parte do Plano de Emergência e Transformação da Saúde (PETS), apresentado no final de maio do ano passado. Este plano prevê a eliminação das esperas superiores ao TMRG até ao fim de agosto de 2024.

Segundo o relatório, no início do programa havia 2.645 doentes oncológicos em lista de espera cirúrgica acima do tempo máximo de resposta. Os especialistas destacam que o programa "alcançou com sucesso os resultados", e confirmam que, até 31 de agosto de 2024, não haverá doentes "por operar ou agendar acima do tempo", com mais de 99% dos doentes operados no último ano a terem a situação resolvida no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O relatório destaca, ainda, que uma análise comparativa dos primeiros trimestres de 2023, 2024 e 2025 evidencia um padrão positivo constante. Nos primeiros três meses de 2024, 20.376 doentes oncológicos foram operados, um aumento em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram 18.914.

Apesar dos progressos, os peritos alertam que a evolução natural dos números e a dinâmica epidemiológica exigem "manutenção deste compromisso" e um "foco constante na regularização da lista de espera para cirurgia oncológica".

O grupo de trabalho também reporta uma melhoria nas listas de espera para cirurgias não oncológicas, com 258.526 doentes inscritos no final de março, uma diminuição em relação ao ano anterior, quando eram 263.966.

Nos primeiros três meses de 2024, foram operados 186.273 doentes não oncológicos, cerca de 11.010 a mais do que no ano passado.

Para otimizar ainda mais a situação, o grupo de trabalho sugere uma avaliação do impacto e da utilidade de atos não cirúrgicos.