Uma nova onda de violência resulta na morte de pelo menos quatro pessoas durante a invasão de um armazém do PAM por milhares de palestinianos em busca de comida na Faixa de Gaza.
Pelo menos quatro pessoas perderam a vida, conforme relatam as autoridades hospitalares, quando hoje centenas de palestinianos, em busca desesperada de alimentos, invadiram um armazém do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Deir al-Balah, na Faixa de Gaza. A situação alarmante na região levou a ONU a confirmar a morte de dois indivíduos e a registar vários feridos, referindo que "hordas de famintos" se lançaram no armazém.
A agência da ONU já havia emitido alertas frequentes sobre as condições críticas no território e os perigos associados à limitação da ajuda humanitária. O PAM reiterou a necessidade urgente de um acesso humanitário “seguro e irrestrito” para garantir a distribuição ordenada de alimentos em Gaza.
Este incidente ocorre apenas um dia depois de que um confronto em Rafah, onde uma multidão tentava acessar um novo ponto de distribuição de ajuda, resultou em uma morte e cerca de 48 feridos, muitos dos quais eram mulheres e crianças com ferimentos de bala, segundo o Ministério da Saúde local.
A ONU e diversas organizações humanitárias manifestaram o seu descontentamento com o novo modelo de distribuição de ajuda, criado por uma fundação apoiada por Israel e pelos Estados Unidos, argumentando que tal abordagem não atenderá às necessidades urgentes dos 2,3 milhões de habitantes e que Israel está a usar a ajuda como um instrumento de controlo populacional.
O conflito entre Israel e a ONU intensificou-se com o sistema de ajuda humanitária gerido pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que Israel defende como uma alternativa necessária para evitar que a ajuda chegue ao Hamas. O embaixador israelita em Nova Iorque, Danny Danon, criticou a ONU, acusando-a de tentar sabotar esse novo mecanismo de ajuda, promovendo uma retórica de conflito que inclui ataques às organizações não governamentais que decidiram participar no sistema do GHF.
Este novo desenvolvimento surge num contexto já tenso, onde Israel lançou uma operação militar no território há uma semana e meia, após ter rompido um cessar-fogo com o Hamas. O atual estado de guerra começou após os ataques do Hamas a 7 de outubro de 2023, que resultaram em cerca de 1.200 mortes em Israel, maioritariamente civis. Em resposta, Israel tem conduzido uma operação militar em Gaza que já causou mais de 54 mil mortes, segundo as autoridades locais, além de devastar as infraestruturas e deslocar centenas de milhares de pessoas.