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Samora Machel recorda Amílcar Cabral e condena assassínio como ataque à luta pela liberdade

há 2 dias

Em discurso histórico, o primeiro presidente de Moçambique recorda a morte de Cabral, sublinhando a sua importância na luta contra o colonialismo e responsabilizando as forças do regime colonial.

Samora Machel recorda Amílcar Cabral e condena assassínio como ataque à luta pela liberdade

Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique, evocou o assassínio de Amílcar Cabral, considerando-o um ato "cobarde" que tinha como objetivo desestabilizar as lutas de libertação em Moçambique e Angola. Esta declaração foi feita durante um discurso proferido no enterro de Cabral, em janeiro de 1973, na Guiné-Bissau, que agora se encontra documentado no Arquivo Histórico de Moçambique.

Machel salientou que a eliminação do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) visava, em parte, isolar a revolução guineense e desviar recursos para a luta em outros territórios. "O verdadeiro significado deste assassínio odioso é claro", afirmou Machel.

No seu discurso, Machel atribuía à extinta PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) a responsabilidade pela morte de Cabral, ocorrida em Conacri. Ele notou que o governo colonial já sentia a pressão da sua iminente derrota e via o surgimento de novas bases anti-imperialistas como uma ameaça à sua estratégia.

O líder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) reconheceu Cabral como um visionário que uniu os povos das colónias portuguesas na luta contra o colonialismo. "A dor da Guiné-Bissau e Cabo Verde é uma dor partilhada por todas as antigas colónias", afirmou, enaltecendo a capacidade de Cabral de compreender a luta como um todo.

Machel apelou ainda à transformação da tragédia que envolveu a morte de Cabral em um "incentivo" para as forças de libertação, afirmando que as dificuldades enfrentadas se tornam uma vacina contra as ações adversas.

Amílcar Cabral, um dos líderes fulcrais na luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, nasceu a 12 de setembro de 1924 e foi assassinado a 20 de janeiro de 1973, aos 49 anos. A identidade dos responsáveis morais por este crime continua sem resposta.

A morte de Samora Machel, que proclamou a independência de Moçambique em 1975, ocorreu dez anos depois, num acidente aéreo cujas circunstâncias também geram controvérsias.

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#LiberdadeAfricana #ResistênciaColonial #AmílcarCabral