O Pavilhão Julião Sarmento abre as suas portas na quarta-feira, em Lisboa, destacando a obra e as relações do artista, com a intenção de conectar o público à arte contemporânea, segundo a diretora artística, Isabel Carlos.
O Pavilhão Julião Sarmento abrirá na próxima quarta-feira, em Lisboa, com o objetivo de fortalecer os laços entre o público e os artistas. Isabel Carlos, diretora artística do espaço, afirmou: "Pretendemos criar uma grande proximidade entre os visitantes e os criadores, oferecendo aos artistas um espaço que os acolha".
Este novo espaço, gerido pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC - Lisboa Cultura), será dedicado à arte contemporânea, destacando a coleção privada do artista plástico, que inclui cerca de 1.500 obras cedidas pela sua família.
A primeira exposição, intitulada 'TAKE 1 -- A Coleção do Artista Julião Sarmento', é curada pela própria Isabel Carlos e tem como tema o cinema, algo que sempre fascinou Sarmento, que faleceu em 2021. "A ideia é que esta exposição represente o primeiro 'take' de um filme longo que irá explorar esta coleção e o novo espaço", explicou Carlos.
Ao todo, a mostra possui 88 obras selecionadas da coleção de Julião Sarmento (1948-2021), evidenciando como o artista sempre se envolveu em trocas com seus contemporâneos. A exposição também inclui peças que ele adquiriu, como obras de Robert Morris e Ana Jotta, muitas das quais serão exibidas ao público pela primeira vez.
O espaço expositivo resultou da remodelação de um antigo armazém na Avenida Índia, projetado pelo arquiteto João Luís Carrilho da Graça. A exposição é composta por dois núcleos principais: 'Arte e Vida', que explora a amizade e a colaboração entre artistas, e 'Espaço e Arquitetura', que apresenta o interesse de Sarmento pela construção e pelo espaço habitado.
A Galeria 2 apresenta um tributo mais pessoal a Sarmento, com fotografias e desenhos de amigos artistas, como José Manuel Costa Alves e Fernando Calhau. A coleção inclui ainda obras de casais da esfera artística, e peças resultantes de colaborações.
Isabel Carlos destaca que "a coleção è uma expressão do gosto de Sarmento, incluindo presentes de artistas que lhe eram próximos". Representados na exposição estão artistas reconhecidos como Marina Abramović, Ernesto Neto, Rui Chafes, e Richard Long, entre outros.
Uma particularidade do Pavilhão é a inclusão de obras em diversos espaços, inclusive na casa de banho, onde se encontra uma instalação de Susana Mendes Silva. A Galeria Zero contará com uma exposição permanente até abril de 2026, enquanto a Galeria -1 será um espaço para mostras mais dinâmicas e experimentais.
No primeiro ano, a programação focar-se-á em artistas da coleção, enquanto os curadores internacionais serão convidados a dar novos olhares sobre as obras expostas. ISOJ é uma celebração do conceito de que a vida e a arte são interligadas.
No exterior do Pavilhão, serão exibidas duas peças doadas à autarquia, incluindo um grande cinzeiro em pedra portuguesa, criado para a Bienal de Veneza de 2019, e uma escultura em ferro de Rui Chafes.
A reabilitação do edifício representou um investimento de seis milhões de euros. A cerimónia de inauguração está agendada para quarta-feira, às 18:00, com a presença do presidente da câmara, Carlos Moedas, seguido por um concerto da artista Dorit Chrysler, que tocará o theremin.