As Nações Unidas, em colaboração com várias entidades, lançaram o One Ocean Finance para promover investimentos na economia azul e garantir a sustentabilidade dos oceanos.
Um conjunto diversificado de agências da ONU, juntamente com parceiros estratégicos, lançou hoje o One Ocean Finance, um mecanismo destinado a fomentar novos investimentos nos oceanos e, assim, desbloquear recursos para a economia azul. "Este processo colaborativo irá unir governos, instituições financeiras, indústrias marinhas e a sociedade civil para, em conjunto, moldar um futuro financeiro inovador para o oceano", afirmou Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente, durante o Fórum Financeiro da Economia Azul, realizado no Mónaco, antes da Conferência da ONU sobre o Oceano.
De acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, eram necessários 175 mil milhões de dólares (cerca de 153,5 mil milhões de euros) para assegurar a sustentabilidade dos oceanos entre 2015 e 2019, mas apenas 10 mil milhões (8,8 mil milhões de euros) foram investidos efetivamente.
Inger Andersen destacou que o objetivo do One Ocean Finance é enfrentar o subinvestimento crónico ao longo das últimas décadas, reunir esforços fragmentados e estabelecer um sistema que seja justo e eficiente, atendendo às necessidades das comunidades costeiras e dos ecossistemas marinhos.
O novo mecanismo pretende mobilizar diversas fontes de capital, especialmente de setores diretamente ligados ao oceano, utilizando instrumentos financeiros que possam minimizar os riscos e estimular o investimento privado. A ONU também sublinha a disponibilidade de garantias para iniciativas de sustentabilidade no setor privado.
A resolução da resiliência costeira é uma prioridade, com foco especial nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países menos favorecidos.
Achim Steiner, administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), enfatizou que "o oceano tem um papel crucial no clima, sustenta bilhões de pessoas e catalisa o comércio global, mas continua a ser subavaliado, subfinanciado e sobreexplorado". Ele argumentou que é fundamental "reconstruir o financiamento para os oceanos de forma equitativa, fundamentado na ciência e impulsionado pelas indústrias dependentes do mar".
Assim que o mecanismo estiver em funcionamento, a maior parte do capital deverá vir das indústrias ligadas ao oceano, como a navegação, turismo, operações portuárias, cabos submarinos e seguros, através de mecanismos como taxas de utilização e pagamentos por serviços ecossistémicos.
Sanda Ojiambo, responsável do Pacto Global da ONU, enfatizou a importância de incluir as indústrias dependentes do oceano na solução. "O One Ocean Finance constitui uma oportunidade para fortalecer parcerias público-privadas que acelerem as transições sustentáveis, dissociando o crescimento da degradação e alinhando práticas empresariais com a gestão oceânica." Ela concluiu que esse processo deverá resultar em investimentos que beneficiem indústrias resilientes, comunidades costeiras prósperas e a saúde dos oceanos.
O Fórum Financeiro da Economia Azul decorreu entre sábado e hoje, e a Conferência da ONU sobre o Oceano inicia-se na próxima segunda-feira.