Maria Teresa Horta Recebe Homenagem em Lisboa com Exibição de Filmes e Debate

No próximo sábado, o Cinema Ideal em Lisboa acolherá uma homenagem à escritora Maria Teresa Horta, falecida em fevereiro aos 87 anos. A celebração, organizada por um grupo de cidadãos, incluirá a exibição do documentário 'O que podem as palavras' (2022), realizado por Luísa Sequeira e Luísa Marinho. Este filme aborda o processo criativo do icónico livro 'Novas Cartas Portuguesas' (1972), que foi concebido por Horta em colaboração com as autoras Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.

No documentário, as autoras relembram as reuniões semanais que realizaram durante nove meses, onde discutiram ideias e partilharam textos, sem censura e sem a expectativa de que o resultado se tornasse um livro feminista. Elas também recordam que a obra foi banida pela ditadura salazarista e levadas a julgamento, apesar de a censura interna não ter conseguido impedir a sua divulgação internacional.

Em adição, a homenagem contará com a apresentação da curta-metragem 'Verão Coincidente' (1962), o primeiro filme profissional de António de Macedo, recentemente restaurado pela Cinemateca Portuguesa. Esta curta, que se baseia num poema de Horta, destaca a sua relevância no circuito cinematográfico.

A discussão, que terá lugar após as exibições, contará com a participação da realizadora Luísa Marinho, do diretor e músico António de Sousa Dias, e do presidente do ABC Cine-Clube de Lisboa, Manuel Neves. Maria Teresa Horta, considerada uma das figuras centrais do Movimento Feminista em Portugal, sempre defendeu os direitos das mulheres ao longo da sua carreira literária e jornalística.

Com uma estreia na poesia em 1960, Horta publicou diversas obras significativas, incluindo 'Minha senhora de mim' (1971). Ela estabeleceu também um marco no cineclubismo portuguese, como a primeira mulher a dirigir um cineclube em Portugal. Em 2014, recordou as dificuldades que enfrentou devido à censura, enfatizando a mentalidade retrógrada do regime da época.