O presidente brasileiro lamentou a recusa da França em avançar com o acordo de comércio, propondo uma maior colaboração entre agricultores para dissipar receios.
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou hoje a sua desapontamento face à "falta de sensibilidade" da França em relação ao acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. Durante o encerramento do Fórum Económico Brasil-França, que teve lugar no hotel Intercontinental em Paris, Lula afirmou que é necessário um entendimento mais profundo entre os agricultores dos dois países, destacando que "terão mais afinidade do que os técnicos".
O líder brasileiro questionou: "Por que não posso comprar um dia um frango brasileiro e depois um francês?", sublinhando que o pacto não deve ser visto como uma competição, mas sim como uma oportunidade de colaboração. Lula referiu ainda que o acordo representa uma afirmação dos países comprometidos com o multilateralismo.
Num encontro com a televisão Globonews, o Presidente francês Emmanuel Macron revelou que estará disposto a ratificar o acordo, desde que sejam implementadas medidas que equilibrem as condições para os agricultores europeus e do Mercosul, garantindo que todos estejam sujeitos a normas ambientais equivalentes.
Lula pediu à França que "demonstrasse abertura suficiente" para validar um acordo que beneficiará ambas as partes, e revelou a sua intenção de utilizar a sua boa relação pessoal com Macron para pressionar pela aprovação do pacto, numa conversa semanal.
No mesmo evento, foram anunciados compromissos de investimento de empresas francesas que totalizam cerca de 100 mil milhões de reais (aproximadamente 17,7 mil milhões de euros) ao longo de cinco anos a partir de 2026, embora os detalhes das empresas não tenham sido divulgados.
Aproveitando a sua presença em Paris, Lula também abordou a necessidade de responsabilidade global em relação às questões ambientais, fazendo referência à Amazónia como vital para o planeta, mas lamentando que o mundo enfrente uma "pneumonia". O Presidente brasileiro destacou que todos os países devem unir-se na luta contra a destruição do ambiente, alertando que não podemos continuar a ignorar os desafios climáticos.
Além das suas atividades no fórum, Lula recebeu o título de 'doutor Honoris Causa' pela Universidade Paris 8 e está a caminho da terceira conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos em Nice, antes de se deslocar a Lyon.