Junta de Myanmar estende trégua pós-terramoto até final de junho

A Junta militar de Myanmar anunciou hoje que decidiu prorrogar a trégua pós-terramoto até 30 de junho, após a expiração do anterior cessar-fogo na passada sexta-feira. Segundo o comunicado do departamento de comunicação da Junta, esta extensão visa "facilitar as atividades de reabilitação e reconstrução nas regiões afetadas pelo terramoto".

Após o sismo devastador de 28 de março, que causou a morte de aproximadamente 3.800 pessoas e deixou inúmeras famílias desalojadas, a Junta tinha formalizado a suspensão dos combates com diversos grupos rebeldes para facilitar a ajuda humanitária.

No entanto, observadores do conflito indicam que a violência se intensificou, mesmo durante a trégua, alegando que a Junta tem intensificado os ataques aéreos contra os rebeldes utilizando equipamento militar fornecido pela Rússia.

Além do mais, as autoridades militares afirmam que esta extensão do cessar-fogo irá possibilitar a realização de "eleições gerais democráticas, livres, justas e multipartidárias", com previsão de ocorrerem em janeiro. Estas eleições seriam as primeiras a serem realizadas no país desde o golpe de Estado de 2021, que depôs o governo da Liga Nacional para a Democracia, liderada por Aung San Suu Kyi.

A Junta, por sua vez, adverte que retaliará quaisquer ações ofensivas por parte dos opositores. Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Malásia, Mohamad Hasan, sugeriu numa cimeira da Asean, realizada em Kuala Lumpur, que o cessar-fogo fosse ampliado para além das atuais áreas em discussão.

Desde que tomou poder em fevereiro de 2021, com reivindicações não comprovadas de fraude eleitoral nas eleições de 2020, a Junta vem a realizar uma repressão severa contra dissidentes, adiando repetidamente as eleições que muitos consideram impossíveis de conduzir de forma justa.