João Vieira Lopes, presidente da CCP, considera positiva a fusão dos ministérios da Economia e da Coesão Territorial, apontando a urgência de um choque fiscal no próximo orçamento.
João Vieira Lopes, presidente da Confederação dos Serviços e Comércio de Portugal (CCP), elogiou a recente fusão dos ministérios da Economia e da Coesão Territorial, descrevendo-a como uma medida "positiva". Em sua análise, ele destacou que o ministério da Economia tem sido subestimado por diversos governos, independentemente da sua orientação política, e que um dos principais entraves esteve na distribuição dos projetos e aplicação dos fundos comunitários entre dois ministérios, o que provocava "entropias".
Com esta nova organização, Vieira Lopes enxerga uma oportunidade para resolver questões burocráticas que atualmente dificultam a implementação de fundos, alertando que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pode não ser plenamente executado em alguns projetos, especialmente considerando os atrasos impactantes do Portugal 2030.
Além disso, o presidente da CCP destaca uma preocupação significativa: a degradação dos centros urbanos. "Os centros das cidades estão a deteriorar-se, o que afeta não só os residentes, mas também a economia local e, eventualmente, o turismo. É necessário estabelecer uma coordenação eficaz em torno do urbanismo comercial, licenciamentos e mobilidade", comentou.
Voltando-se para o futuro, já em relação ao Orçamento do Estado para 2026 (OE2026), Vieira Lopes manifestou a expectativa de que a proposta inclua de maneira clara um "choque fiscal", sublinhando que as medidas já implementadas têm sido muito limitadas. Contudo, ele reconhece que a revisão em baixa do crescimento económico e a previsão de déficits a partir de 2026, feita por várias entidades, podem complicar o cumprimento de promessas eleitorais, salientando a necessidade de seguir em frente com a redução do fardo fiscal.
A CCP também defende que a Concertação Social deve ser fortalecida, com a implementação dos acordos existentes, uma tarefa que será pivotal para o novo Ministério do Trabalho sob a liderança de Maria do Rosário Ramalho. Segundo Vieira Lopes, é vital que sejam abordados diversos tópicos pendentes, incluindo gestão do trabalho.
Em outro contexto, o primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, apresentou a formação do seu segundo governo, que contará com 16 ministérios, um a menos que o anterior, mantendo treze ministros do executivo anterior. A cerimónia de tomada de posse do XXV Governo Constitucional está agendada para quinta-feira, às 18:00, marcando um dos processos mais ágeis de formação de governo sob a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa.