Economia

Irregularidades em contrato energético levantam suspeitas em São Tomé

há 6 horas

Auditoria revela sobrefaturação e falta de evidências em contrato com a Tesla STP, empresa turca responsável pela concessão da central térmica, afetando as finanças do Estado.

Irregularidades em contrato energético levantam suspeitas em São Tomé

Um recente relatório do Tribunal de Contas (TC) de São Tomé trouxe à luz várias irregularidades relacionadas à concessão de uma central térmica pela administração do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada à empresa Tesla STP, de investidores turcos. A auditoria, datada de maio de 2023, expõe preocupações sérias quanto ao ajuste direto do contrato, que não foi sujeito a uma análise prévia por entidades reguladoras competentes.

O TC destaca que as isenções fiscais atribuídas pela Autoridade Geral Aduaneira e pela Direção dos Impostos à Tesla STP e seus associados resultaram em perdas de, pelo menos, 52.282.555 euros para o Estado são-tomense.

O contrato, assinado a 10 de outubro de 2023, estabelece uma Parceria Público-Privada com o intuito de combater o défice energético do país. A estrutura do investimento compreende três fases: a instalação de maquinaria a diesel, que deveria ser concluída em seis meses por 10.850.000 euros; a construção de uma central multi-combustível em 18 meses, com um custo de 62.500.000 euros; e a instalação de uma central solar, também em 18 meses, por 23.592.000 euros. O custo total do projeto ascende a 96.942.000 euros.

No entanto, a auditoria revela que a Tesla não apresentou comprovativos de que cumpriu a primeira fase do investimento, valuada em 10.850.000 euros. Além disso, as obras começaram antes da assinatura do contrato, em setembro de 2023, e foram realizadas pela empresa FB Construction STP, que pertence ao mesmo grupo da Tesla.

Outro ponto crítico é que os geradores instalados não conseguem fornecer continuamente os 10 megawatts de energia contratados, mas a Tesla continua a cobrar a Empresa de Água e Eletricidade (Emae) pelo total instalado, violando claramente os termos do contrato. Entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, a Emae enfrentou uma sobrefaturação de 2.662.438,60 euros, tendo pago apenas uma fração do total faturado, deixando uma dívida de 5.723.384,62 euros.

Adicionalmente, o contrato estipula que a Emae deveria fornecer gratuitamente o combustível necessário para a central na sua primeira fase, tendo, no entanto, disponibilizado 13.320.198 litros de combustível, o que equivale a um custo potencial de 15.145.292 euros.

A auditoria do TC aponta ainda para a violação de normas laborais, especificamente no que diz respeito à igualdade salarial entre trabalhadores locais e expatriados. O TC pede alterações na Lei Temporária sobre Incentivos aos Investimentos, destacando a necessidade de fiscalização prévia dos contratos.

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#SãoTomé #CorrupçãoEnergetica #TransparênciaFiscal