Irão pondera permitir inspeções dos EUA em caso de acordo nuclear

O Irão revelou na quarta-feira a possibilidade de autorizar a visita de inspetores norte-americanos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) caso se chegue a um acordo com os Estados Unidos sobre o seu programa nuclear. Mohammed Eslami, líder da Organização de Energia Atómica do Irão (AEOI), afirmou que esta decisão depende de se forem consideradas as exigências iranianas.

As negociações entre Teerão e Washington, mediadas pelo sultanato de Omã, começaram a 12 de abril, numa tentativa de resolver as divergências em torno do dossiê nuclear, assunto que gerou tensões desde a Revolução Islâmica de 1979. Os dois países têm manifestado desacordos sobre o enriquecimento de urânio, uma questão fundamental nas conversações atuais.

O anúncio de Eslami ocorre em momentos em que o Presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, se encontra em visita a Omã, às vésperas de uma chegada ao Irão de um representante da AIEA. Durante a presidência de Donald Trump, os Estados Unidos abandonaram unilateralmente o acordo nuclear de 2015 e reimpuseram sanções severas ao Irão.

Eslami sublinhou que a recusa em aceitar inspetores de países hostis ao Irão permanece, mas manifestou abertura para reconsiderar essa posição se um acordo for formalizado. Enquanto isso, países ocidentais e Israel continuam a expressar preocupações quanto às intenções nucleares do Irão, que nega qualquer objetivo militar, alegando apenas fins pacíficos.

Atualmente, o Irão está a enriquecer urânio a 60%, muito acima do limite acordado de 3,67%, como forma de resposta à retirada dos EUA do acordo original. Este enriquecimento elevado levanta alarmes sobre a potencial capacidade do Irão de desenvolver armas nucleares, uma preocupação que os EUA não estão dispostos a ignorar. O enviado norte-americano para o Médio Oriente, Steve Witkoff, reafirmou a posição de Washington de não aceitar qualquer nível de enriquecimento por parte do Irão.

A situação é ainda complicada por relatos de uma possível intervenção militar de Israel nas instalações nucleares iranianas, embora o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tenha desmentido qualquer ameaça quanto a bombardeios. As conversações, consideradas até ao momento sem avanços significativos, continuarão, mas ainda não há data marcada para uma nova ronda.