A IATA divulga previsões menos otimistas para 2025, citando preocupações económicas e comerciais que afetam o tráfego e os lucros do setor.
As companhias aéreas enfrentam um cenário menos favorável para o ano de 2025, com a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) a rever em baixa as suas projeções de tráfego e lucros. A organização alertou para "ventos contrários" resultantes de guerras comerciais e de um abrandamento económico global.
Segundo a IATA, o número de viagens aéreas para este ano deverá ser inferior a cinco mil milhões, uma revisão significativa em relação aos 5,22 mil milhões inicialmente previstos. O lucro líquido das companhias aéreas é agora estimado em 36 mil milhões de dólares (cerca de 31,7 mil milhões de euros), uma redução de 600 milhões de dólares (528 milhões de euros) em comparação com as expectativas anteriores, apresentadas na assembleia-geral anual em Nova Deli, na Índia.
A receita da aviação comercial deverá também ficar abaixo do bilião de dólares (888,1 mil milhões de euros) anteriormente estimados, com uma previsão agora fixada em 979 mil milhões de dólares (862 mil milhões de euros). Além disso, a IATA indica que 69 milhões de toneladas de carga devem ser transportadas por via aérea este ano, em vez das 72,5 milhões inicialmente esperadas.
Willie Walsh, diretor-geral da IATA, expressou preocupação com a incerteza que a atual situação política global traz ao setor da aviação. Sem mencionar diretamente o Presidente dos EUA, Donald Trump, Walsh frisou que "o setor aeroespacial deve ser poupado às guerras comerciais para evitar um agravamento da situação". Apesar desses desafios, lembrou que 2025 poderá ser melhor para as companhias aéreas do que 2024.
A IATA enfatizou a interdependência entre a saúde do setor aéreo e o crescimento económico. As previsões indicam que o crescimento global deve baixar para 2,5% em 2025, em comparação com 3,3% no ano anterior. Contudo, é esperado que a rentabilidade das companhias aéreas melhore, com uma margem líquida calculada em 3,7%, ligeiramente superior à cifra de 3,6% prevista anteriormente, graças à queda dos preços do petróleo.
A atual cotação do petróleo bruto Brent está abaixo dos 65 dólares por barril, influenciada pelas tensões comerciais e um aumento das quotas da OPEP+. No entanto, a IATA também alertou para riscos significativos, como os conflitos em várias regiões do mundo, que têm impactos diretos na aviação civil.
"Sublinhámos junto do Conselho de Segurança da ONU que é fundamental garantir que a aviação civil não seja afetada por operações militares", reiterou Walsh.
A organização destacou ainda que tarifas e guerras comerciais prolongadas podem impactar a procura por carga aérea, bem como a disposição para viajar. A incerteza sobre as políticas comerciais da administração Trump pode atrasar decisões que seriam benéficas para a atividade económica.
A IATA antecipa que o abrandamento da economia dos EUA e o aumento das taxas aduaneiras poderão influenciar negativamente a confiança dos consumidores e das empresas, reduzindo assim o consumo e os investimentos na indústria aeronáutica.