Estudo revela que culturistas têm um risco elevado de paragem cardíaca, com 121 falecimentos reportados, a maioria devido a causas cardíacas inesperadas.
Uma nova investigação publicada no European Heart Journal revela que o culturismo está associado a um risco alarmante de morte súbita cardíaca entre atletas. Durante um acompanhamento que se estendeu até julho de 2023, com uma média de mais de oito anos, a equipa de pesquisadores monitorizou a saúde de 20.300 culturistas que participaram em competições da Federação Internacional de Culturismo e Fitness de 2005 a 2020.
Dos 121 culturistas que faleceram durante o estudo, quase 38% perderam a vida devido a morte súbita cardíaca, um fenómeno em que o coração para de funcionar abruptamente. Alarmantemente, 11 dessas mortes ocorreram em atletas com uma média de idade de cerca de 35 anos.
O estudo foi impulsionado por um aumento notável de casos de mortes prematuras entre aqueles envolvidos no culturismo. Um exemplo recente mencionado refere-se ao culturista aposentado José Mateus Correia Silva, que morreu de paragem cardíaca durante um treino no Brasil, em novembro de 2024. Os seus amigos tentaram socorrê-lo, mas não conseguiram reanimá-lo.
Os investigadores descobriram que os atletas profissionais enfrentam cinco vezes mais risco de morrer por paragem cardíaca quando comparados a amadores. O autor principal da pesquisa, Marco Vecchiato, especialista em medicina desportiva na Universidade de Pádua, destacou que a pressão competitiva pode estar a contribuir para este elevado risco.
“O culturismo envolve práticas que podem impactar adversamente a saúde, incluindo treino intenso, dietas extremas e desidratação, além do uso disseminado de substâncias para aumentar o desempenho”, acrescentou Vecchiato. Ele alerta que estas abordagens podem provocar alterações significativas no sistema cardiovascular, aumentando o risco de arritmias e levando a modificações estruturais no coração ao longo do tempo.