O Banco Central Europeu prepara-se para anunciar uma nova diminuição de 25 pontos base nas taxas de juro, num cenário de crescimento frágil e persistentes tensões comerciais na zona euro.
O Banco Central Europeu (BCE) irá reunir-se hoje para deliberar sobre uma possível redução das taxas de juro em 25 pontos base, marcando assim o oitavo corte nesta fase, o que poderia levar a taxa de depósitos a fixar-se em 2,0%. A previsão é de Michael Krautzberger, responsável pelo investimento em Mercados Públicos na Allianz Global Investors.
Embora os temores relacionados com uma guerra comercial global tenham diminuído desde a última reunião do BCE em abril, o impacto residual dessas tensões ainda é sentido. Os dados económicos da zona euro continuam a apontar para uma atividade económica fraca, associada a pressões moderadas sobre a inflação. Krautzberger acredita que o BCE adotará uma postura cautelosa face aos riscos que poderão afetar o crescimento, o que se refletirá no comunicado de política monetária de hoje.
Por sua vez, Martin Wolburg, economista sénior da Generali Investments, reforça que os riscos inerentes à guerra comercial sustentam a necessidade de uma nova flexibilização por parte do BCE. Apesar de antecipar a redução das taxas em 25 pontos base, destaca que a margem para cortes adicionais está a esgotar-se. Com a taxa já a 2,25%, esta se encontra no limite superior do intervalo neutro estimado pela equipa do BCE, que varia entre 1,75% e 2,25%. Apesar de se manter a expectativa de um novo corte para 1,75%, Wolburg prevê que Christine Lagarde, a presidente do BCE, enfatize a necessidade de análise contínua dos dados, deixando em aberto a próxima data de corte.
Os analistas da Ebury também corroboram que o corte de 25 pontos base já é amplamente antecipado pelos mercados, prevendo que não terá grande impacto na taxa de câmbio do euro. Mattew Ryan e Roman Ziruk, responsáveis pela estratégia de mercado da Ebury, indicam que a atenção dos investidores estará voltada para o discurso de Lagarde, à procura de indicações sobre a velocidade e amplitude de uma eventual flexibilização monetária futura. Contudo, consideram que Lagarde deve manter um perfil reservado, aguardando dados e desenvolvimentos comerciais antes de definir os passos seguintes do BCE.