O grupo extremista Estado Islâmico assumiu um ataque a um acampamento militar em Macomia, Cabo Delgado, que teria levado à morte de pelo menos dez soldados moçambicanos.
O Estado Islâmico divulgou esta quarta-feira uma declaração, através dos seus canais de propaganda, na qual reivindica um ataque ocorrido na terça-feira a um acampamento do Exército em Macomia, na província de Cabo Delgado. De acordo com a informação do grupo, o ataque resultou na morte de, pelo menos, dez militares moçambicanos, embora esta afirmação não tenha sido confirmada pelas autoridades do país.
Além disso, o Estado Islâmico declarou que o acampamento militar foi completamente destruído e que este ataque representa o segundo em menos de um mês na mesma região, referindo-se a um ataque anterior em Muidumbe, que, segundo o grupo, causou a morte de 11 soldados.
Nos últimos meses, têm-se registado um aumento de ataques, ainda que de menor intensidade, coincidindo com a intenção da petrolífera TotalEnergies de retomar o megaprojeto de Gás Natural Liquefeito, avaliado em 20 mil milhões de dólares, na região de Cabo Delgado.
Em abril, também ocorreram ataques atribuídos a grupos armados na vizinha província de Niassa, resultando em pelo menos duas mortes. Este mês, ainda, um navio oceanográfico russo foi atacado no mar, numa zona conhecida por ser alvo frequente de ações violentas perpetradas por terroristas que atacam pescadores locais.
A província de Cabo Delgado, rica em recursos de gás, enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada, com ataques reivindicados por facções associadas ao Estado Islâmico, que provocaram mais de um milhão de deslocados. Apenas em 2024, foram contabilizadas pelo menos 349 mortes relacionadas com ações de extremistas islâmicos na região, um aumento de 36% em comparação com o ano anterior, de acordo com dados recentes do Centro de Estudos Estratégicos de África, ligado ao Departamento de Defesa dos EUA.