A Carris revela que o transporte individual representa o maior desafio, enquanto procura captar mais passageiros para o serviço público através de melhorias na experiência do utilizador.
O presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, identificou o transporte individual como o principal rival da empresa e destacou a necessidade de atrair mais passageiros para o transporte público. “Quero que mais clientes utilizem o nosso serviço”, afirmou em entrevista à Lusa.
Atualmente, a transportadora lisboeta retira cerca de 130 mil veículos da cidade diariamente, mas busca melhorar esse número. Para isso, Bogas enfatiza que é fundamental “melhorar a experiência da viagem”, mencionando que a eficiência no tempo de deslocação é crucial para convencer os utilizadores a deixar os seus carros em casa.
O presidente da Carris afirmou também que várias iniciativas estão a ser implementadas com a Câmara Municipal de Lisboa para optimizar as infraestruturas, incluindo a criação de novos corredores BUS e a melhor sinalização dos existentes. “A fiscalização é importante, pois somos muitas vezes prejudicados por detenções não autorizadas em corredores BUS”, explicou.
Desde setembro de 2023, a Carris tem colaborado com a Polícia Municipal, resultando em mais de três mil autuações em apenas seis meses. “Estamos a finalizar o processo para que possamos contar com os nossos próprios agentes para autuar infratores, tal como a EMEL faz”, disse ainda.
Relativamente ao quadro de pessoal, a Carris acolhe 777 autocarros, 64 elétricos, três ascensores e um elevador, com um total de 2.505 trabalhadores, entre motoristas e equipa de apoio. O responsável sublinhou que a qualidade do serviço prestado pelos empregados tem sido essencial para o sucesso da empresa ao longo de 152 anos.
“O nosso capital humano é o maior ativo da Carris e temos investido na formação e na melhoria das condições salariais”, apontou, revelando que houve um aumento de base de mais de 200 euros nos últimos anos, além de um ajustamento do subsídio de almoço que passou de 10,60 euros para 12 euros.
Apesar das atualizações salariais já acordadas este ano, nesta semana, os trabalhadores realizaram uma greve parcial para a redução da carga horária de 40 para 35 horas, o que a direção considera que pode comprometer a sustentabilidade da transportadora.
Durante a pandemia e em eventos como a Jornada Mundial da Juventude, os colaboradores demonstraram grande resiliência. A Carris mantém também uma abertura para recrutamento de motoristas a nível nacional, tanto para cidadãos portugueses quanto estrangeiros, evitando buscar mão-de-obra em mercados externos, ao contrário de outras operadoras.
Uma das iniciativas que têm contribuído para o recrutamento é um prémio destinado a colaboradores que recomendem novos motoristas, resultando na contratação de 100 motoristas no ano passado e quase 200 previstos para este ano. “Estamos focados na retenção e no bom diálogo com os sindicatos, embora estes sempre queiram mais”, concluiu Bogas.