Oportunidade Energética: Portugal e Espanha Reclamam Novas Interligações com a UE

A vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Teresa Ribera, classificou como “totalmente coerente” o pedido apresentado por Portugal e Espanha, solicitando um compromisso político e financeiro para desenvolver interconexões energéticas com o resto da União Europeia.

Este pedido foi formalizado na quarta-feira, com uma carta enviada a Bruxelas e Paris, onde Ribera elogiou a iniciativa como alinhada com o espírito europeu e essencial para garantir um sistema energético mais robusto.

A responsável espanhola sublinhou que os dois países têm reivindicado há tempo que a França cumpra a sua parte no compromisso de interligar os sistemas elétricos a um mínimo de 15%, algo que deveria ter sido alcançado até 2020. Ribera recordou também o apagão que afetou a Península Ibérica em 28 de abril, evidenciando a fragilidade das ligações com o resto da Europa, que se situam atualmente abaixo dos 3%.

O envio da carta foi realizado pela ministra portuguesa da Energia, Maria da Graça Carvalho, ao comissário europeu da Energia, Dan Jorgensen, e contou com a assinatura da ministra espanhola da Transição Ecológica, Sara Aagesen.

Em relação aos planos de Portugal de estabelecer interligações elétricas com Marrocos, Ribera apontou que, embora tal iniciativa seja positiva, não pode ser considerada uma solução alternativa, devido à limitada capacidade de exportação de energia do país africano, que é majoritariamente destinada ao seu mercado interno.

O apagão do dia 28 de abril demonstrou a urgência de melhorar a resiliência da rede elétrica da UE, sendo que Portugal defende um aumento das interconexões para 15% até 2030, através da construção de mais infraestruturas.

Apesar dos debates sobre a ampliação das interligações entre Portugal e a UE, o progresso tem sido lento, mesmo sendo crucial para aumentar a segurança energética, reduzir a dependência de combustíveis fósseis e facilitar a transição para energias renováveis.

A rede elétrica de Portugal abrange quase 235.000 quilómetros para distribuição e 9.400 quilómetros para transporte, servindo cerca de 6,5 milhões de clientes. De acordo com a Comissão Europeia, serão necessários 584 mil milhões de euros nas próximas décadas para a reforma das redes elétricas, incluindo interconexões transfronteiriças e adaptações à transição energética.