Um estudo revela que as multinacionais em Portugal oferecem salários 61% acima da média, destacando-se em produtividade e receitas, segundo economistas do Banco de Portugal.
Um recente estudo do Banco de Portugal revela que as empresas multinacionais (EMN) em Portugal pagam, em média, salários 61% mais elevados do que as empresas nacionais. Além disso, as EMN apresentam uma produtividade cerca de 57% superior, baseada na produtividade do trabalho, e 65% quando se analisa a receita por trabalhador.
O artigo intitulado "Alguns factos estilizados sobre as empresas multinacionais a operar em Portugal", escrito pelos economistas Ana Cristina Soares e Tiago Serrano e publicado na Revista de Estudos Económicos, abrange o período de 2014 a 2022. Durante este intervalo, as multinacionais representaram cerca de 3% das empresas ativas em território português, com duas em cada três sendo de origem estrangeira.
Em termos de nacionalidades, destacam-se empresas de Espanha, França e Alemanha, que ocupam os principais postos em termos de número e receitas. Os autores do estudo não deixam de mencionar que a presença de multinacionais em Portugal tem aumentado de forma consistente, tanto em números absolutos como relativos. Elas têm presença marcante em setores como a indústria transformadora, eletricidade, água, transportes e serviços diversos.
Apesar do seu número relativamente reduzido em comparação com o total de empresas no país, as multinacionais exercem uma influência considerável na economia portuguesa, representando uma parte desproporcional da atividade comercial. De acordo com as descobertas, mais de 60% das exportações e importações do país dependem dessas entidades, junto com 50% da receita, 40% da massa salarial e 30% do emprego.
Os dados também indicam que as multinacionais em Portugal são, em média, 39% mais produtivas que as empresas não multinacionais. Esta disparidade aumenta para 65% quando se realizam comparações entre multinacionais estrangeiras e não multinacionais. A receita por trabalhador revela que as multinacionais portuguesas são 49% mais produtivas do que as empresas não multinacionais, enquanto as estrangeiras superam 73% nesse critério.
O estudo conclui que estas empresas têm um "prémio salarial médio" de 61% em relação às não multinacionais, com as multinacionais nacionais a oferecerem salários 48% superiores e as estrangeiras atingindo um prémio ainda maior, de 68%.