Jurados do WPP exigem restabelecimento da autoria de 'A Menina do Napalm'

Três ex-jurados do World Press Photo (WPP) manifestaram, numa carta aberta, a sua indignação face à recente decisão da fundação, que suspendeu a atribuição da autoria da icónica fotografia 'A Menina do Napalm' ao fotojornalista Nick Ut, laureado em 1973.

Na missiva, datada de quinta-feira, os signatários James Colton, Dave Burnett e Maria Mann apelam ao conselho fiscal e ao comité consultivo do WPP para que reavaliem esta posição, que surge após o Festival de Cinema de Sundance, onde o documentário 'The Stringer', de Bao Nguyen, alega que a foto foi captada por um jornalista 'freelancer' vietnamita, Nguyen Thanh Nghe, que é entrevistado no filme.

A famosa imagem, reconhecida como um marco na documentação da Guerra do Vietname, retrata uma menina vietnamita gravemente queimada, correndo nua numa estrada após um ataque com napalm, em 1972, na região de Trang Bang.

Nick Ut, fotógrafo da Associated Press, teve a honra de receber o Prémio Pulitzer pela sua captura em 1973. Contudo, uma investigação da AP, divulgada em maio, concluiu que não existem provas conclusivas que sustentem a alteração da autoria, apontando que o tempo e a falta de evidências complicam a situação.

Apesar disso, a decisão do WPP de suspender a autoria, citando outros fotógrafos que “podem ter estado em melhor posição”, suscitou críticas. Em resposta, os jurados expressaram o seu descontentamento, afirmando que a organização atua de maneira "perigosa e errada", subvertendo os princípios básicos de inocência até prova em contrário.

Além disso, os jurados instam a diretora executiva do WPP, Joumana El Zein Khoury, a reconsiderar a sua decisão, argumentando que esta se baseia em "dúvidas e suposições" sem fundamento concreto. Através do seu apelo, Colton, Burnett e Mann afirmam que, se a autoria de Nick Ut não for restabelecida, solicitarão a remoção dos seus nomes dos registos do WPP e encorajam outros colegas a fazer o mesmo.

“Se continuarmos a tomar decisões baseadas em 'dúvidas' ao invés de provas, ninguém desejará ver o seu nome associado a uma organização que não observa práticas e ética jornalísticas”, concluíram.