Almada recebe exposição única sobre a Revolução de Abril através de lentes estrangeiras

A exposição intitulada 'Venham Mais Cinco - O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa (1974--1975)' será inaugurada em Almada, desde o dia 24 de maio até 24 de agosto. O evento, que terá lugar em frente à antiga Lisnave - Parque Empresarial da Mutela, reúne uma notável coleção de 200 fotografias capturadas por 30 fotógrafos e fotojornalistas de vários países, incluindo França, Alemanha, Brasil, Itália, Países Baixos e a antiga Checoslováquia.

Curada por Sérgio Tréfaut e com a consultoria histórica de Luísa Tiago de Oliveira, esta exposição é a primeira do seu género em Portugal. Destaca imagens publicadas em diversos jornais e revistas globais que documentam os instantes cruciais da Revolução de Abril. Entre os fotógrafos representados, encontra-se Sebastião Salgado, falecido recentemente em Paris aos 81 anos.

Serão realizados debates com alguns dos fotógrafos durante as visitas comentadas nos dias 24, 25 e 31 de maio, incluindo Jean-Claude Francolon, Fausto Giaccone, Michel Puech, Jean-Paul Paireault e Alain Mingam, que compartilharão as suas experiências e visões sobre aquele período histórico.

O nome da exposição, 'Venham Mais Cinco', deriva da famosa canção de José Afonso, que foi inicialmente escolhida como senha para o início do golpe militar, mas acabou por ser substituída por 'Grândola, vila morena'. Este tema é emblemático e simboliza a vitalidade do movimento de libertação.

A mostra está organizada em quatro núcleos: 'A Festa da Liberdade', 'Novas Formas de Poder', 'Independências' e 'Um País Dividido'. Este projeto, que remonta a 1993, foi inicialmente concebido para comemorar o vigésimo aniversário da Revolução, mas somente agora é possível concretizá-lo, em homenagem a Margarida Medeiros, uma investigadora apaixonada por fotografia e estudos visuais que se dedicou a este projeto ao longo de trinta anos.

Sérgio Tréfaut partilha que a exposição é uma jornada emocional, capaz de tocar o coração dos que viveram aquele período e de encantar as novas gerações com a força transformadora daquela época. Ele observa ainda que, durante aquele instante único na história, Portugal foi o centro de atenção mundial, com os melhores fotógrafos a capturarem a essência de um povo em mudança.

Jean-Claude Francolon, um dos fotógrafos presentes, fez uma comparação entre aquela época e a atual, defendendo que a falta de extremismos naquela altura contrasta com os desafios que a Europa enfrenta hoje, como o problema crescente da extrema-direita. Por sua vez, Jean-Paul Paireault alertou para o retorno do nacionalismo na Europa, enfatizando a importância de uma unidade coerente entre os países para enfrentar os desafios contemporâneos.

A entrada é gratuita e a exposição, apoiada pelo Ministério da Cultura, pela Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril, pela Câmara Municipal de Almada e pela Sociedade Arco Ribeirinho Sul, poderá ser visitada de quinta a domingo, das 11:00 às 19:00.