Venezulanos na Madeira criticam as eleições de domingo como desrespeito à vontade popular, refletindo a polarização em torno de Nicolás Maduro e o clima de incerteza no país.
A comunidade de imigrantes venezuelanos na Madeira manifesta forte descontentamento em relação às eleições legislativas e regionais que ocorrerão este domingo, considerando-as uma afronta à vontade da população. Ana Cristina Monteiro, presidente da Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira (VENECOM), expressou a frustração dos imigrantes, que veem este sufrágio como uma desconsideração em relação à escolha manifestada nas presidenciais de julho do ano passado.
Após os tumultuosos eventos de 28 de julho de 2024, que resultaram na manutenção de Nicolás Maduro no poder, as divisões dentro da oposição acentuam-se, levando a indecisões acerca da participação no voto deste fim de semana. Enquanto alguns defendem que votar é essencial, outros acreditam que se trata de uma escolha ilegítima devido à situação atual do país.
No domingo, os venezuelanos terão a oportunidade de eleger 24 governadores, 260 deputados estaduais e 285 deputados para a Assembleia Nacional. Esta última, que está sob controle do chavismo, não teve a oposição presente nas eleições prévios de 2020. "As pessoas estão confusas," afirmou Monteiro, realçando as diferentes opiniões existentes na comunidade em relação à participação eleitoral.
Além disso, Aura Rodrigues, líder da delegação local da associação Venexos, apontou que muitos eleitores podem ser manipulados, prevendo que apenas um número reduzido vote por vontade própria. A situação socioeconómica na Venezuela permanece crítica, com o aumento da repressão e a degradação das condições de vida.
Lídia Albornoz, do Comando Com a Venezuela na Madeira, também condenou a legitimidade das eleições, refletindo a opinião de muitos venezuelanos cujos familiares na Venezuela não reconhecem a autoridade de Maduro. A líder da oposição, María Corina Machado, apelou à abstenção, mas Albornoz expressou ceticismo sobre a possibilidade de Maduro afastar-se do poder diante da atual situação.
O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano declarou Maduro vencedor das presidenciais de 2024, mas a falta de transparência e os resultados não publicados levantam questões sobre a validade deste processo eleitoral. Observadores e a oposição contestam os números apresentados, alegando que o verdadeiro vencedor seria o candidato Edmundo González Urrutia.