Ambientalistas da Zero sublinham a importância da 'Laudato Si' e do apelo do Papa Francisco para a proteção da Terra e da justiça social, convocando ações concretas em prol do futuro.
No décimo aniversário da encíclica 'Laudato Si' (Louvado Sejas), a associação ambientalista Zero enfatizou a necessidade de honrar a mensagem deixada pelo Papa Francisco, que incita a humanidade a cuidar da sua "casa comum". Segundo a Zero, este documento é um marco crucial, colocando a urgência ambiental no centro de um debate que atravessa religiões, disciplinas académicas e instituições políticas em todo o mundo.
Publicada em 24 de maio de 2015, a encíclica prévia aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ao Acordo de Paris, convocou uma tomada de consciência sobre os desafios civilizacionais emergentes, alertando para a responsabilidade intergeracional e a necessidade de uma resposta integrada às dificuldades sociais e ambientais contemporâneas.
Dez anos após a sua publicação, a Zero destaca que o mundo continua a enfrentar crises múltiplas e interligadas, como a emergência climática, a destruição acelerada da biodiversidade, a escassez de recursos naturais e um agravar das desigualdades.
Francisco Ferreira, presidente da associação, afirma que a 'Laudato Si' é hoje mais relevante do que nunca, porque aborda as raízes estruturais da crise ecológica e propõe mudanças necessárias, tanto no comportamento individual como na sociedade. A encíclica critica a "cultura do descarte" e o mito do crescimento ilimitado, sugerindo uma nova abordagem focada na sobriedade e no bem comum.
"Estamos a viver como se o planeta fosse capaz de sustentar 1,7 terras, e esse consumo desenfreado coloca em risco os direitos futuros das próximas gerações", adverte Ferreira.
A associação também sublinha que a 'Laudato Si' tem sido uma fonte de inspiração para várias iniciativas sociais, como a 'Semana Laudato Si' e redes de ação católica pelo clima, refletindo um impacto que vai além do contexto católico.
Além disso, a Cimeira do Futuro das Nações Unidas em 2024 reafirmou esta visão ao aprovar o Pacto para o Futuro, que reconhece os direitos das gerações futuras como um princípio essencial para a ação política.
O Papa Francisco, através da sua convocação para a "conversão ecológica", incita cada indivíduo a reconsiderar o seu estilo de vida, a prezar por uma economia que priorize o bem-estar e a cultivar relações mais equilibradas com a sociedade e com o ambiente.
"Reduzir o consumo equivale a redefinir a qualidade de vida", assinala Ferreira, destacando que "o momento de agir é agora e a escolha de um novo caminho deve ser coletiva".
Na comemoração deste aniversário, a Zero reitera a sua chamada à ação, pedindo a todos para escutarem "o grito da Terra e o grito dos pobres", lutando por um futuro onde a dignidade humana e os limites planetários sejam respeitados.
"O legado da encíclica deve ser assumido e ampliado, simbolizando um convite à esperança ativa — uma esperança que se manifesta através de escolhas conscientes e ações justas", conclui a Zero.