Política

Vitorino alerta para os desafios nas relações transatlânticas com Trump

há 1 dia

António Vitorino defende que a UE deve abordar a administração Trump com prudência e pragmatismo, sinalizando a necessidade de adaptação às novas realidades comerciais.

Vitorino alerta para os desafios nas relações transatlânticas com Trump

O ex-comissário europeu António Vitorino sublinhou hoje, em Lisboa, a importância de Portugal e da União Europeia (UE) adotarem uma postura de "gelo nos pulsos" na gestão das relações com o governo de Donald Trump. Durante a conferência "Uma visão atlantista da política externa portuguesa: o legado de Mário Soares e os desafios do futuro", Vitorino alertou que a atual guerra económica e as tarifas impostas por Trump tornam evidente que a relação transatlântica "nunca voltará ao que era".

O socialista enfatizou que a dependência estratégica da Europa em relação aos Estados Unidos é significativa, o que exige uma abordagem responsável e cautelosa. "Estamos a assistir a um iminente choque comercial e é crucial que nos preparemos para ele, enquanto procuramos mercados alternativos. No entanto, devemos ter consciência de que nenhum deles substitui completamente o mercado americano", afirmou.

Vitorino também comentou sobre a necessidade de a economia portuguesa "insistir no mercado americano", destacando setores fundamentais como o do vinho. Além disso, referiu um relatório recente do Banco Central Europeu (BCE), que indica que a Europa poderá ser mais impactada pelas tarifas americanas do que pelos seus mercados concorrentes.

A intervenção de Vitorino toca nas consequências da invasão russa da Ucrânia, que acentuou os desafios relacionados com as fontes energéticas. "Embora a dependência em relação ao gás natural dos EUA seja de 45%, devemos ser realistas em relação à autonomia europeia e compreender que existem questões que vão além das tarifas", disse.

António Vitorino, frequentemente mencionado como possível candidato às próximas eleições presidenciais, abordou ainda a problemática dos serviços digitais. Para ele, a Europa deve urgentemente preencher este vazio, que não se resume apenas à transformação digital, mas que afeta a salvaguarda da democracia liberal europeia.

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