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Tradicional touro de Ponte de Lima chega para celebrar a Vaca das Cordas com história de séculos

há 1 dia

Um touro de 500kg foi adquirido para a Vaca das Cordas, ritual ancestral de Ponte de Lima. Cerimónias iniciam em breve para celebrar esta tradição em vias de classificação como Património Cultural Imaterial.

Tradicional touro de Ponte de Lima chega para celebrar a Vaca das Cordas com história de séculos

Recentemente, foram divulgadas imagens de um touro adquirido pela Associação Amigos da Vaca das Cordas, destinado a comemorar uma tradição secular na véspera do feriado do Corpo de Deus.

O animal, que custou cinco mil euros e pesa cerca de 500kg, foi adquirido na ganadaria Santos Silva, localizada em Montemor-o-Velho, Coimbra. O presidente da associação, Aníbal Varela, informou que o touro deve chegar a Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, no dia 17, sendo posteriormente instalado na Expolima.

No dia seguinte, o touro será transportado da Expolima para a Casa do Conde d'Aurora, de onde sairá pelas 18h00 para as ruas da vila, dando seguimento a uma manifestação que está em processo de classificação como Património Cultural Imaterial. Em fevereiro, o Instituto do Património Cultural deu início à consulta pública para esta classificação, prevendo uma decisão em até 120 dias após o término da auscultação.

Curiosamente, embora a tradição leve o nome de Vaca das Cordas, o protagonista é, na verdade, um touro. Após a corrida, o animal é vendido a um talho local para comercialização da carne.

A manifestação ocorre sempre na véspera do feriado do Corpo de Deus e começa às 18h00, com cerca de quinze pessoas a guiar o touro atado por cordas, em direção à Igreja Matriz. Lá, o touro é preso à janela de ferro da Torre dos Sinos e recebe um banho de vinho tinto, seguindo-se um ritual de dar três voltas à igreja, enquanto o público, ousado, se engaja em brincadeiras, resultando em algumas quedas e surpresas. Após esta fase, o touro segue para a praia da vila, onde se desenrolam peripécias e emoções.

Aníbal Varela destaca que, no areal, os mais audazes desafiam-se a pegar o touro, enquanto, nas ruas do centro histórico, são confeccionados tapetes de flores que adornarão a procissão do Corpo de Deus.

A primeira menção conhecida à Vaca das Cordas data de 1646, quando um conjunto de normas obrigava os moleiros do concelho a conduzir à força uma vaca brava, sob pena de prisão. Compatível com a lenda, a antiga Igreja Matriz era um templo pagão dedicado a uma deusa, representada por uma vaca, sendo posteriormente transformado em igreja cristã.

Este ritual foi suspenso em 1881, mas ressurgiu em 1922 e desde então não foi mais interrompido, embora tenha enfrentado contestação nos últimos anos por parte de defensores dos direitos dos animais.

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