Militantes do Bloco de Esquerda em Santarém abandonam a formação, criticando a atual estratégia política e a falta de democracia interna.
Um grupo de cerca de 110 militantes do Bloco de Esquerda (BE) de Santarém informou, através de uma carta à imprensa, a sua decisão de se desvincular do partido. Estes aderentes expressam descontentamento com a direção do BE, apontando que o partido se afastou da importante missão de se afirmar como uma alternativa robusta à esquerda, em oposição ao tradicional rotativismo do bloco central.
Na missiva, argumentam que a geringonça, embora tenha sido uma opção válida em momentos específicos, distorceu irrevogavelmente a estratégia política do BE. "As propostas políticas são frequentemente enterradas, à espera de serem aceites pelo PS", critícano os militantes, que também assinalam que a luta dos trabalhadores foi substituída por agendas identitárias que, apesar de relevantes, têm um impacto limitado.
Quanto à evolução do partido, os militantes argumentam que "o ímpeto inicial do BE perdeu-se ao longo do tempo". Embora tenham tentado comunicar as suas preocupações aos altos responsáveis do partido, sentem que as suas críticas foram sistematicamente rejeitadas pela maioria da direção.
O grupo manifesta ainda descontentamento com a administração de Mariana Mortágua, sendo acusada de impor uma centralização excessiva das decisões e de silenciar vozes dissidentes. "Antes aprecia-se a diversidade, hoje vê-se como um risco", afirmam.
Além disso, mencionam que os trabalhadores do partido são alvos de práticas que envergonhariam muitos empregadores, referindo-se a casos de despedimentos de recém-mães em 2022 como apenas a ponta do iceberg. "Funcionários competentes são desvalorizados através de intrigas de corredor, levando a difamações e processos disciplinares", acrescentam.
Os que optaram por abandonar o BE alertam que o partido está a regressar a um antigo centralismo democrático, mais restritivo e com uma democracia interna em risco.