O petróleo Brent desceu para menos de 65 dólares por barril, trazendo benefícios para os consumidores, mas complicações para a produção de combustível.
Recentemente, o preço do petróleo Brent caiu para menos de 65 dólares por barril, marcando uma descida significativa em relação aos níveis elevados de 2022, que superaram os 100 dólares, especialmente após a invasão russa da Ucrânia.
Para os consumidores, esta baixa é uma boa notícia, pois ajuda a controlar a inflação e a estimular o crescimento económico em regiões dependentes de importações de petróleo, como a Europa. Segundo Pushpin Singh, economista da Cebr, "os consumidores vão ser os vencedores" com esta queda de preços, que proporciona um aumento no rendimento disponível para gastos em bens essenciais e lazer.
Em 2024, os preços do petróleo já estavam entre 75 e 80 dólares por barril, e a recente descida superior a 10 dólares tem implicações diretas nas despesas energéticas, que influenciam a inflação. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) nos Estados Unidos, por exemplo, registou uma diminuição, em grande parte devido à descida nos custos dos combustíveis.
No entanto, a realidade é diferente para os produtores de petróleo. De acordo com Ole Hansen, analista do Saxo Bank, "os produtores de alto custo, especialmente, enfrentam a necessidade de cortar despesas". O impacto é particularmente grave em áreas como a Bacia do Permiano, onde algumas empresas já começaram a reduzir os seus investimentos devido aos preços baixos.
Além disso, a competitividade das energias renováveis pode ser afetada, levando a um possível abrandamento nos investimentos em tecnologias mais ecológicas.
Enquanto alguns países da OPEP+ têm recursos para aguentar a baixa nos preços e diversificarem as suas economias, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, outros, como o Irão e a Venezuela, vêm a sua dependência das receitas do petróleo tornar-se um risco maior em tempos de preços baixos. A Guiana, que viu um crescimento significativo do seu PIB per capita devido a novas descobertas de petróleo, poderá também enfrentar um abrandamento significativo devido a esta descida de preços.
O futuro permanece incerto, mas os efeitos da guerra comercial e da política interna dos Estados Unidos complicam as previsões sobre a inflação e os mercados energéticos.