O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considera errada a decisão do PS de apoiar a política do Governo e destaca os compromissos entre PSD e PS como culpados pela situação atual do país.
O líder do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, expressou ontem a sua desaprovação em relação à decisão do Partido Socialista (PS) de apoiar o Governo e de viabilizar as suas políticas. Durante uma intervençäo pública em Viana do Castelo, Raimundo afirmou que esta é uma "opção errada" e que a situação atual do país é resultado dos compromissos estabelecidos entre o PS e o PSD.
"O PS decidiu, por sua própria vontade, não apenas apoiar o Governo, mas também legitimar a sua política. Na nossa perspetiva, esta escolha é errada, mas é uma decisão que agora lhes pertence", sublinhou Raimundo.
Quando questionado sobre os cinco pactos de regime propostos por José Luís Carneiro para a liderança do PS, o secretário-geral do PCP esclareceu que não tem conhecimento detalhado dos mesmos. Contudo, salientou que o país tem enfrentado desafios por causa dos acordos entre os dois principais partidos.
"Nada que tenha ocorrido neste país deixou de ter por trás um compromisso de regime entre o PS e o PSD. Isso inclui até as revisões constitucionais", enfatizou.
Sobre a recondução da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, no novo Governo, Paulo Raimundo manifestou a sua concordância com a decisão, afirmando que a ministra está a "cumprir à risca o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS)".
"Ela está alinhada com um programa que tem como objetivo transformar a saúde numa mercadoria. O seu trabalho está focado em desmantelar o SNS e transferir o que é público para o setor privado", declarou.
Raimundo também criticou a criação do Ministério da Reforma do Estado e da Administração Pública, questionando as suas reais intenções. "Para quê modernizar o Estado? Será para melhor atender as necessidades do SNS, da habitação ou da educação? Sabemos que não. Esse esforço é para beneficiar interesses que buscam maiores recursos e privilégios", afirmou.
Aludindo à fusão dos Ministérios da Cultura, Juventude e Desporto, o secretário-geral considerou que isso revela uma falta de compromisso com a cultura. "É um sinal preocupante que o Governo tenha optado por extinguir o Ministério da Cultura. Não nos serve de nada um ministério que não promove uma política cultural eficaz ao serviço da população", concluiu, recusando-se a comentar sobre a nomeação de Margarida Balseiro Lopes para o cargo.