Cultura

Morte do icónico documentarista francês Marcel Ophuls aos 97 anos

há 2 dias

O profundamente influente realizador Marcel Ophuls faleceu no passado sábado, aos 97 anos, na sua residência no sudoeste de França, conforme comunicado da família.

Morte do icónico documentarista francês Marcel Ophuls aos 97 anos

Faleceu no passado sábado, aos 97 anos, o realizador francês Marcel Ophuls, uma figura de destaque no cinema que se dedicou a temas políticos e sociais, conforme anunciado pela sua família através da agência France-Presse.

O neto de Ophuls, Andreas-Benjamin Seyfert, manifestou em comunicado que "a sua visão pessoal, aliada a um rigor documental, permitiu-lhe captar os efeitos duradouros da História e da política na vida das pessoas, convidando-nos a permanecer cientes, ativos e fortemente ligados à democracia".

Nascido em Frankfurt em 1927, Marcel Ophuls e a sua família foram forçados a deixar a Alemanha devido ao regime nazi, encontrando refúgio primeiro em França e depois nos Estados Unidos. Após a Segunda Guerra Mundial, optou por regressar a França, onde começou a sua carreira como assistente de realização, colaborando com outros cineastas, incluindo o seu pai, o renomado Max Ophuls.

Um dos marcos da sua carreira é o documentário 'Le Chagrin et la pitié' (1969), que teve um impacto significativo na forma como os franceses percepcionavam a sua História durante a Segunda Guerra Mundial, ao abordar o tema do colaboracionismo, desafiando a narrativa de uma nação uniformemente resistente. Este filme foi inicialmente rejeitado pela televisão francesa, mas acabou por torná-lo numa referência a nível mundial.

Ophuls também produziu outros documentários notáveis, como 'L'Empreinte de la Justice' (1976), que analisava os julgamentos de Nuremberga, e 'Hotel Terminus' (1988), sobre o notório criminoso de guerra nazi Klaus Barbie. O seu trabalho foi reconhecido na indústria cinematográfica, tendo sido nomeado para os Óscares, vencendo o prémio de Melhor Documentário em 1989 com 'Hotel Terminus'.

Em 2010, os seus documentários foram apresentados numa retrospetiva no festival DocLisboa.

No momento da sua morte, a família revelou que Marcel Ophuls estava a concluir um novo filme, que abordava a ascensão da extrema-direita na Europa e nos Estados Unidos, bem como o conflito israelo-palestiniano, explorando a ligação entre a ocupação palestiniana e o ressurgimento do antissemitismo na Europa.

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