O presidente honorário do PS, Manuel Alegre, defende uma reformulação do partido para voltar a ser a voz dos menos favorecidos e aproximar-se da juventude após o recente desaire eleitoral.
Manuel Alegre, presidente honorário do Partido Socialista, expressou a necessidade urgente de reformar o PS durante uma declaração aos jornalistas antes de um almoço no parlamento, organizado pelo candidato à liderança, José Luís Carneiro, em conjunto com vários dos fundadores do partido.
Questionado sobre a fragilidade do PS nas recentes eleições legislativas, Alegre reconheceu a complexidade da situação, afirmando: "Não sou bruxo. Este fenómeno não é isolado, reflete uma tendência que se observa por toda a Europa". Para ele, o resultado desfavorável é um sinal claro de que "é uma situação grave" que exige reflexão e ação.
Alegre sublinhou a necessidade de o PS acabar com o isolamento face à juventude e a setores mais vulneráveis da sociedade, reiterando: "Precisamos de nos aproximar dos grupos sociais dinâmicos e reafirmar o nosso compromisso com os pobres e desprotegidos." Esta tarefa será desafiadora para José Luís Carneiro, o único candidato à liderança após a saída de Pedro Nuno Santos.
Quando inquirido se Carneiro seria a escolha certa para liderar o PS, Alegre afirmou: "É o homem que está na posição de ser eleito secretário-geral. Portanto, temos que contar com ele". Ele também comentou sobre a responsabilização do PS enquanto oposição, dizendo que a estabilidade política do país depende em parte da sua atuação.
O presidente honorário do PS enfatizou que não se pode ignorar o papel do partido na defesa da Constituição, afirmando que "não pode haver uma revisão que exclua o PS ou subverta o regime".
Durante o evento, Alberto Arons de Carvalho, um dos fundadores do partido, partilhou a sua visão sobre os resultados eleitorais, considerando que "foi um erro impedir a continuidade do governo com a moção de confiança", mas advertiu que agora é tempo de pensar no futuro. Para Arons de Carvalho, a maioria dos portugueses anseia por um governo estável e duradouro.
José Luís Carneiro, à chegada, elogiou os fundadores do PS, reconhecendo os sacrifícios feitos na luta pela liberdade em Portugal. "Eles nos trouxeram às liberdades e aos direitos fundamentais", disse.