Neste mês, será apresentado o livro de Luis Miguel Cintra, que reflete sobre a sua vasta carreira no cinema, abrangendo quase 100 filmes e oferecendo uma visão íntima do seu percurso artístico.
No dia 12 de maio, no Porto, terá lugar a apresentação do livro "Luis Miguel Cintra: Comentários a uma Filmografia", uma obra que reúne as memórias e reflexões do renomado ator e encenador sobre o seu ofício no cinema. Publicado pelos Caminhos do Cinema Português, o livro explora a experiência do artista ao longo de quase uma centena de filmes entre 1970 e 2022.
O projeto nasceu de um convite do festival, que decidiu homenagear Cintra ao atribuir-lhe o prémio Ethos em 2024. O ator contou que, em resposta ao desafio, decidiu fazer uma filmografia comentada. "Nem eu próprio me lembrava que havia tantas coisas. A minha ideia não era escrever um livro, mas acabei por compilar tudo", afirmou Cintra em novembro de 2024, durante a homenagem.
A obra revisita os projetos cinematográficos que marcaram a sua carreira, onde teve a oportunidade de trabalhar com mestres como Manoel de Oliveira, Maria de Medeiros e João César Monteiro. Foi precisamente com este último que Cintra se estreou no cinema, no filme "Quem espera por sapatos de defunto morre descalço" (1970), uma experiência que descreve como algo acidental, mas que moldou a sua trajetória.
Ao longo de mais de cem páginas, o autor partilha recordações e análises sobre os filmes em que participou, alternando entre notas emocionais e informações mais factuais. Cintra menciona a sua experiência em "Peixe Lua" (2000) de José Álvaro Morais, refletindo sobre a profundidade que um projeto deste tipo pode trazer à vida de um indivíduo. Relata também a sua vivência no Quartel do Carmo em 1974, destacando as emoções vividas no contexto da Revolução dos Cravos: "A atmosfera não era de celebração, mas de intensos medos e expectativas".
O autor reconhece que, embora tenha sempre considerado que a sua vida estava mais ligada ao teatro, acabou por filmar mais do que alguma vez imaginou. O lançamento do livro promete ser uma jornada pela sua memória cinematográfica, culminando na exibição de "Uma pedra no bolso" (1988) de Joaquim Pinto, escolhido pessoalmente por Cintra para a ocasião.